quarta-feira, 27 de maio de 2009

Brincadeira de criança

Maísa se muda para São Paulo

[...] Em abril, a coluna "Ooops!", do UOL, informou que a família da apresentadora estava se incomodando com dois fotógrafos, que perseguiam Maisa em sua cidade.

Por conta disso, a família da apresentadora mirim precisou alterar hábitos e até mesmo adaptar a ida da menina à escola.

A instituição teve que criar uma entrada secreta para a estudante famosa.

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Quando eu era criança, não ganhava 20 mil reais por mês. Também não ganho esse valor agora. E, mesmo depois que eu terminar a faculdade, muito provavelmente, não ganharei.

Mas quando eu era criança, brincava na rua, jogava tazo e videogame, andava de bicicleta, assistia Sessão da Tarde, Anos Incríveis, Cavaleiros do Zodíaco e O Fantástico Mundo de Bob, acreditava que existiam fadas iguais as do Caça Talentos, escrevia carta todos os anos para o papai noel e também queria mandar algumas para o Mundo de Beakman. Isso se chama ter infância.

Infância. Está aí algo que 20 mil reais não compra. Mas eu tive.

Como já dizia o sábio Andrézinho, do Molejo: “brincadeira de criança, como é bom, como é bom”.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Homem primata

- Ôoo delíchiiia.
- Gostchooosa.
- Ahhh, se eu pego, viu?
- Ôoo lá em casa, hein?
- Mas que prenceeesa!

Pergunto-me: o que um homem espera que a mulher responda depois dessas cantadas-quase-onomatopéias?

- Ôoo delíchiiia.
- Espera só até você dar uma mordidinha.

- Gostchooosa.
- Hummm, você ainda não viu nada.

- Ahhh, se eu pego, viu?
- E está esperando o que?

- Ôoo lá em casa, hein?
- É para lá que eu vou.

- Mas que prenceeesa!
- Quer conhecer o meu castelo?

Não. Nenhuma mulher vai responder dessa forma. E os homens sabem disso. Então, por que insistem tanto?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

E vai rolar a festa

Vinho quente. Quentão. Doces. Jogos. Música. Dança. Até quarta-feira, essas eram as características das festas juninas. Eram. O nosso governador, José Serra, sancionou ontem um projeto de lei aprovado pela Assembléia Legislativa que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas em festas organizadas nos estabelecimentos de ensino mantidos pela administração estadual.

Abre aspas. Vamos pensar um pouco: o que são estabelecimentos de ensino mantidos pela administração estadual? Escolas de ensino básico e superior, certo? E, claro, inclui faculdades e universidades. Fecha aspas.

Segundo o jornal Metrô News, a assessoria da Secretária Estadual da Casa Civil informou que ainda analisa se a lei é valida para as três universidades estaduais (USP, Unesp e Unicamp).

Abre aspas. Alguém já ficou bêbado com quentão ou vinho quente? Engraçado. Sempre achei que as festas juninas fossem um evento familiar. Os alunos levam os pais, os primos, os amigos e os vizinhos - só não levam o cachorro porque as inspetoras não costumam deixar. Ok. Terminei o colegial há cinco anos. Será que nesse tempo as festas juninas tornaram-se uma festa em que crianças trombadinhas enchem a cara de vinho quente, ficam bêbadas, invadem a diretoria e querem dominar a escola? Fecha aspas.

Sou adepta da seguinte frase: “Se for para fazer, então, faça direito”. Ou seja: é para proibir o consumo de álcool nas instituições públicas de ensino? Então proíba. Mas não exclua as universidades. A USP, por exemplo, tem as lendárias festas conhecidas pelas bebidas que circulam livremente e garantem histórias engraçadas pelo resto do ano. Isso porque, claro, sempre tem aquele que não sabe beber, enche a cara e “paga mico” a noite inteira. E essa seria a menor das consequências, já que essa mesma pessoa, provavelmente maior de 18 anos, poderia dirigir bêbada, brincar de empurrar os amiguinhos na piscina e o que mais a criatividade e o libido permitirem. Vamos ignorar isso e apelar para o quentão que, claaaro, já causou uma lista enorme de acidentes mundo afora, não é?

Que fique claro: não sou favorável à essa lei. E nem à proibição do álcool nas festas das universidades. Mas qual a lógica de censurar festas familiares e fechar os olhos para onde realmente há consumo exagerado de álcool? Ou faz direito ou não faz.

Pronto, falei.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Proibido para menores

Cena de "Antichrist", um dos filmes mais polêmicos de Cannes


Mutilação de membros. Sexo. Loucura. Terror. Essa não é a minha combinação preferida, mas faz parte da composição de “Antichrist”, filme que estreou no Festival de Cannes 2009.

O enredo conta a história de um casal que se isola em um chalé para tentar superar a morte do filho. Já na primeira cena, mostra-se um close, em câmera lenta, de uma penetração sexual, que transforma-se em violência e termina com uma chocante visão de uma mulher cortando o próprio clitóris com uma tesoura.

Forte. Muito forte. Só a descrição já agoniza. Se você, leitor, é uma mulher, com certeza remexeu as pernas e fez uma careta. Mas, se é homem, também não deve ter gostado do que leu. Eu não faria nenhuma questão de assistir, mas sabendo quem é o diretor, não poderia simplesmente ignorá-lo. Explico:

Dogville. Para quem me conhece, esse nome não é nem um pouco estranho. Trata-se de um dos meus filmes favoritos. É uma análise sobre o ser humano, em que o diretor, Lars Von Trier - o mesmo de “Antichrist“ -, nos apresenta a um mundo formado por pessoas hipócritas, falsas e egoístas. No fim, - isto é, para aqueles que conseguiram chegar ao final do longa - ama-se ou odeia-se a trama. Não há meio termo. Von Trier não se preocupa em agradar o telespectador. Hollywood não combina com ele.

“Dançando no Escuro”, outro filme do polêmico dinamarquês, para mim, tem o final mais trágico da história do cinema. Você não acredita no que está vendo e, mesmo que já tenha passado por situações semelhantes, fica abismado com o desenrolar da história. Isso porque ainda acreditamos no caráter do ser humano. Então, torcer por um final feliz, é como desejar um mundo que não seja tão mau quanto aparenta ser. Mas o diretor não nos polpa. Como já disse, ele não quer agradar.

Se me falassem que eu poderia conhecer cinco pessoas no mundo, uma delas seria ele. Gostaria de entender o porquê de tanto pessimismo em relação aos outros, pois, embora eu acredite em tudo o que ele mostra nesses filmes, ainda me iludo. Penso que, ainda que seja uma minoria, existem pessoas boas. Sou romântica. Mas um pouco de Dogville não faz mal a ninguém. Pelo contrário, o faz amadurecer.

Entretanto, “Antichrist” não foi aplaudido. Os críticos o classificaram como “de mau gosto”. Mas as produções desse dinamarquês não são para todos. Quem gosta de conto de fadas e comédias românticas ou procura finais felizes, não vai conseguir ficar mais de 10 minutos na frente dos longas dele. Pode até ser que este novo filme seja ruim mesmo, mas, se é do Von Trier, eu pago para ver.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Especiais

A mente gira, o coração aperta e a sensação não é facilmente identificável.

Há pessoas que precisamos conhecer para gostar. Outras, não importa o tempo que convivamos, a divergência de pensamentos é maior. Mas há aquelas em que a identificação é imediata. Você não sabe muito bem o que te fez gostar tanto da pessoa e isso não faz a menor diferença.

Depois de São Paulo, a cidade que mais gosto é Corupá – Santa Catarina. E, antes que perguntem, já adianto: não conheço o lugar. Mas conheço alguns moradores. E são tão divertidos que o local onde moram poderia ser meramente um cenário para muitas risadas. E isso já seria muito. Entretanto, segundo eles, trata-se de um lugar onde Deus quis fazer a diferença: mais de 40 cachoeiras dividem espaço com cavernas, montanhas, muito verde e cerca de 13 mil habitantes.

E o rock rola solto por lá. Eles são tão apaixonados por música que viajaram quilômetros para presenciar um grande mestre: Dio. Foi um final de semana fantástico, regado à música, risadas, bebidas, feiras artesanais e ótimas companhias. Ontem, voltaram para a cidade das cachoeiras e, embora não tenha dito a eles, levaram junto um pedaço de mim. Mas espero, em breve, ir buscá-lo. Afinal, prometi visitar o lugar que, desde 2007, ouço tanto falar.

Odeio despedidas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pensamentos soltos

Todos os dias, pessoas vão e voltam. Esbarram nos ombros das outras, olham-se e continuam a fazer o caminho que seguiam antes. No ouvido, uma seleção de músicas escolhidas pela própria pessoa. Na mente, milhares de pensamentos sobre o próprio nariz. Quem é que se dá a oportunidade de conhecer novas pessoas? E quando digo conhecer, refiro-me a conhecer de verdade, profundamente. E não a conversas superficiais. Falo de ouvir as histórias sobre a infância, os medos, os desencantos, os amores, as opiniões sobre a vida, as peripécias de adolescente e as perspectivas sobre o futuro. Desconhecer alguns desses itens é perder uma parte muito importante do outro.

Esses dias, contaram-me algumas histórias sobre alguém que conheço. E, por mais que o assunto tenha me deixado boquiaberta, o que mais me abismou foi o fato de eu já ter passado horas conversando com a pessoa e não ter tido a sensibilidade de perceber nada. Logo eu, que adoro conversar. Não conhecemos a pessoa que está ao nosso lado. Mais que isso, muitas vezes nos rendemos aos julgamentos já estabelecidos que percorrem o mundo. Por trás de rostos felizes, há sempre muito a ser desvendado.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sobre minha progenitora

Ela gosta de Guns n’ Roses, acha a voz do Dio bonita e fala mal das roupas do Ralf Scheepers – vocalista do Primal Fear. “Ele devia usar umas roupas mais estilosas, como as que o Rob Halford usa. Se ele quiser, eu posso ser a consultora de moda dele”, disse.

Fala mal das bandas que eu ouço. “Eles até são bonitos de ver e têm uma ou outra música boa, mas depois fica tudo igual. São muito repetitivos”, diz ela, referindo-se ao Def Leppard.

Ouve som na maior altura e têm as coletâneas mais ecléticas do mundo: começa com Guns, vai para Van Halen, Iron Maiden e, de repente, ouve-se um “e vai rolar a festa, vai rolar, o povo do gueto mandou avisar que vai rolar a festa”, “descobri que te amo demais, descobri em você minha paz, descobri sem querer a vida, verdade”, “nessa longa estrada da vida, vou correndo e não posso parar, na esperança de ser campeão, alcançando o primeiro lugar” e, em seguida, toca Rolling Stones. Ninguém tem o gosto musical tão diversificado quanto o dela.

Outro dia, apresentou Alice Cooper para uma amiga que foi em casa: “essa é a titia. Ouve!”, sugeriu.

Depois de conhecer Alfred Hitchcock e virar fã de “O poderoso Chefão” e “Família Soprano”, fala mal de Big Brother. “É muito fútil”, conta.

Ontem, eu e meu irmão a levamos ao Pacaembu para ver um jogo do Corinthians. Empolgou-se tanto que até mostrou o dedo do meio para o juiz. No fim, ainda fez uma análise técnica: “o Corinthians jogou melhor. No segundo tempo, eles dominaram a bola, mas faltou alguém para fazer a finalização”, disse.

Hoje, ela não trabalha mais, mas levanta todo dia às 6h30, prepara o meu café, liga a TV no jornal da Mariana Godoy, conversa comigo e depois volta a dormir.

Faz comida especial em dia de jogo do Corinthians para o meu irmão. Se eu não tenho aula e vou cedo para casa, pergunta o que eu quero jantar.

Sim, ela é a minha mãe. “Você tem sorte de me ter, mas se quiser que eu seja sua mãe na próxima encarnação, vai ter que nascer em Alagoas, porque para São Paulo eu não volto”, diz. “Alagoas? Não sei não...”, respondo.

Acho que vamos ter que entrar em acordo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Entre notas e pensamentos

Quando fazia cursinho pré-vestibular, fiz um trato com um amigo: ele me daria um CD duplo do Smashing Pumpkins se entrasse na USP, enquanto eu daria o segundo CD do Foo Fighters se o mesmo acontecesse comigo. Motivos à parte, tratava-se de álbuns importantes para nós. No fim, não passamos da primeira fase e, portanto, continuamos com nossos queridos álbuns. Um ano mais tarde, ele entraria na tão sonhada USP e eu conseguiria uma bolsa na Universidade São Judas Tadeu. Mas isso já é um outro assunto.

Esses dias, estava cansada das músicas que tinha no MP3 e resolvi baixar algumas novas. Entre elas, escolhi Smashing Pumpkins. Incrível. Aquele ano inteiro veio à tona trazido pelas canções. Músicas carregam um tom de simbolismo recheado de diferentes interpretações peculiares a cada um que ouve. Cada canção é uma lembrança: um momento, uma pessoa ou um lugar.

É por isso que eu gosto de sertanejo. Lembra a minha infância, quando os primos da minha mãe, que moravam do lado da minha casa, ouviam Leandro e Leonardo todos os dias. Por motivos semelhantes, anos atrás, parei de ouvir Silverchair. A banda trás lembranças de um período difícil. Desde então, comecei a procurar músicas mais felizes. E foi no hard rock que encontrei canções tão alegres que me permitiram deixar os problemas de lado e envolver-me nas peripécias vividas por aquelas bandas que mais pareciam de personagens de cartoon.

Uma vez, uma amiga estava com algumas dificuldades e eu disse para ela ouvir “Someday we’ll Know”, do New Radicals. Anos depois, eu é que me sensibilizaria com a letra, nas noites de uma semana qualquer. É algo impressionante. Gostar de uma música é encontrar-se nela. Quando se está sozinho, ela funciona como um refúgio. Identificar-se com uma letra é como esbarrar com alguém que sente, ou já sentiu, o mesmo que você. A partir desse momento, não se está mais sozinho. Quando o silêncio diz o que não queremos ouvir, a música surge e demonstra compreensão. Simples assim. Por isso, alegro-me tanto ao ouvir minhas músicas favoritas no rádio ou conhecer alguém que também gosta delas. Não é só questão de bom gosto.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

No ritmo da Virada

Alguns falam mal da organização e do público, mesmo quando é possível encontrar famílias inteiras andando de mãos dadas pelas ruas. Dizem que há confusão, referindo-se a uma briga que aconteceu dois anos atrás em um show dos Racionais – naquele dia, eu estava ali do lado e não vi nada.

Esquecem-se do objetivo do evento: promover cultura de forma acessível a todos – gratuitamente. Rock, samba, MPB, forró, teatro, cinema, exposição. Uma atração em cada esquina. E há desde nomes de pouco sucesso até atrações internacionais. Alguém, algum dia, já imaginou ver John Lord, ex-tecladista do Deep Purple, tocando com a orquestra sinfônica municipal?

É por essas e outras que gosto tanto da Virada Cultural. Essas 24 horas de atrações ainda nos reservam outras peculiaridades.

São momentos marcantes:
Essa é a única chance que o paulistano tem de andar durante a madrugada pelos arredores do centro de São Paulo sem ser assaltado. E, à noite, aquelas ruas ficam ainda mais lindas. As construções antigas ganham um novo brilho sob a luz do luar.
Em que outro evento é possível tomar café ao som de Matanza?

Os estilos se confundem:
Na aula de salsa, participaram vários cabeludos do metal. Destaque para um cara com camiseta do Manowar que aprendia a rebolar.

Perde-se a noção do tempo:
Em plena 7h da manhã, há pessoas bebendo cerveja e vinho.
A grama da Praça da República mais parecia uma volta aos anos 60, com hippies sentados, dormindo ou cantando.

Ignora-se as regras gramaticais:
Depois de cantar uma música em que parte da letra é “Só acredito no semáforo. Só acredito no avião. Eu acredito no relógio”, o vocalista do Vanguart soltou a melhor pérola da Virada Cultural:

- Eu só tenho duas PALAVRAS para vocês: FO-DA, disse, em alto e bom som, o frontman.

Bem, pelo menos, ele sabe contar até dois.

Só tenho uma reclamação a fazer: deveria ter mais lixeiras. Não foi à toa que a cidade amanheceu uma imundice. É falta de educação da população? É. Mas, se não há muitas latas de lixo, o que se pode dizer?