"Cai a noite na cidade
Vinda de lugar nenhum
E o dia vai embora
Indo pra lugar algum..."
Capital Inicial
Pessoas indo e vindo. De terno e de jeans. De salto e de tênis. Gordos e magros. Bem cuidados e feios. Duas mulheres se encontraram e pararam para conversar. Risadas, fofocas e abraços. Despediram-se e cada uma foi para um lado. Uma garota parecia ansiosa. Provavelmente esperava alguém. Era o namorado. Foi recebido com beijos e abraços. Trazia um sorriso que estampava a felicidade em vê-la. Dois homens passaram conversando. Deviam vir do trabalho. Estavam de social. Uma mulher passou quase correndo. A pressa deixava o salto ainda mais torto. A outra devia ser bailarina. O sapato baixo deixava o passo mais leve e suave. Andava como se dançasse. Era bonito vê-la. Um homem passou caminhando devagar. Olhava para baixo. Talvez estivesse triste. Ou só cansado. Um grupo de amigos vinha em minha direção. Conversavam e riam. Divertiam-se.
Lá fora, o Michael Jackson havia morrido. O presidente de Honduras pediria ajuda à ONU. Os casos de infectados pela gripe suína continuavam em ascensão. Outro avião tinha caido. E ainda havia a crise no senado.
Eu estava no metrô. Do lado da catraca. Esperava uma pessoa. Mas observava todos. Cada um que passava. O tempo parecia correr menos. Embora o ponteiro dos segundos não tenha diminuido a velocidade.
Cada uma daquelas pessoas que passavam por mim tinham milhares de histórias para contar. Vinham de algum lugar e iriam para um outro. Poderiam rir para disfarçar a tristeza, andar com pressa para não perder o encontro ou caminhar devagar por não querer voltar logo para casa. Não havia como saber. Quem eu esperava logo chegou. Cinco minutos nunca renderam tanto.