sexta-feira, 31 de julho de 2009

Em busca da felicidade

"A felicidade só é verdadeira quando é compartilhada"

O filme “Na natureza selvagem” poderia ser resumido nessa frase. Poderia. Apenas poderia. Contudo, para se chegar a uma conclusão é preciso experiência e maturidade. Christopher McCandless, personagem principal, interpretado por Emilie Hirsch, passou por várias etapas antes de concluir o que para alguns parece tão óbvio. Entretanto, há muito a ser absorvido para que a frase acima seja assimilada e aceita como verdade absoluta.

Nesses dias de frio, não tem programa melhor que ver DVD, coberto com edredom e comendo pizza, batata frita e chocolate. Assisti a esse filme no final de semana passado. E, acreditem, é muito bom. O longa foi escrito e dirigido pelo ator Sean Penn, aquele que fez “Sobre meninos e lobos”. Baseado no livro do escritor e jornalista Jon Krakauer, que relata a história real do aventureiro Christopher McCandless, o filme demorou anos para ser rodado, pois Penn queria a aprovação da família McCandless. E se era para ser bem feito, a trilha sonora também ganhou atenção: todas as músicas são cantadas por Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, que não deixou a desejar em nenhum aspecto – e olha que nem gosto tanto assim dele.

Com essas informações, vamos voltar ao filme. Imagine que, de presente de formatura, seus pais resolvem te dar um carro zero. Qualquer um, no mínimo, daria pulos de alegria. Esse não foi o caso de Christopher. O garoto ficou nervoso. Ele não precisava de um novo carro. Estava farto da vida de aparências que os pais ostentavam, da hipocrisia, do materialismo e de tudo que o lembrasse a falsidade que vivia - inclusive o dinheiro.

Dessa forma, doou os 24 mil dólares que tinha no banco para a caridade e abandonou todos para aventurar-se em um mundo desconhecido. Afinal, que companhia poderia ser melhor que as belas paisagens que a natureza esconde? Pedindo carona na estrada, andando de canoa e caminhando, viajou para lugares como Dakota do Sul, Arizona e Califórnia, mas seu objetivo era chegar até o Alasca.

Christopher seguiu em busca do autoconhecimento. Com pensadores como Tolstoi na ponta da língua, justificava sua fuga da sociedade. No caminho, encontrou outros andarilhos. Cada um com uma concepção diferente sobre a vida e a liberdade. Teve a oportunidade de estabelecer-se e apaixonar-se, mas tudo o que não queria era apegar-se a alguém. A natureza bastava. Ele só não sabia que ela poderia ser tão selvagem.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Janela indiscreta

Ele é gordinho. Do tipo que deve adorar uma feijoada na quarta-feira e comer até precisar abrir o botão da calça. Está sempre sozinho, arrumando papéis e organizando a sala. Tem cara de contador. Mas talvez seja um advogado. Ao redor dele há muitas caixas e muita bagunça. Não muito diferente de onde estou. Mas aqui tem companhia, risadas e música. Lá, só ele, o pó e as pilhas de livros e documentos.

É baixinho, veste camisa e calça social. Mas nada de terno. Deve ser simpático. Poderia dizer um “oi” se a sala ficasse aberta. Pelo jeito, portas escancaradas e conversas altas são particularidades nossas. Anda de um lado para o outro, como se analisasse o tamanho da baderna e parasse para decidir por onde pode começar. Parece que nunca estará tudo em ordem. E se continuar no ritmo em que está, vai demorar muito mesmo.

Será que brigou com o sócio e decidiu seguir sozinho? Se a quantidade de caixas significar anos de trabalho, diria que tem experiência de sobra. Deve ser um quarentão. Não. Ele não é atraente. Não no sentido físico. Entretanto, para quem passou anos com a mesa de trabalho virada para uma parede, esse é um prato cheio. Se eu olhar para o alto, ainda posso degustar da imagem de inúmeras árvores. Já me disseram que há até papagaios e esquilos por aqui. Mas eu ainda não vi.

Embora eu é que esteja em um lugar fechado, é como se minha janela fosse o vidro de um aquário gigante que está à disposição do meu entretenimento. Já a sala ao lado é um caso a parte - quase um reality show. Dentro e fora também podem ser uma questão de referencial.

Sinal de vida

Faltou tempo e vontade. Quando o mundo interior invade o exterior, é melhor não falar muito. Em breve, novas postagens.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Holofotes, brilho e glamour

O ser humano é mesmo uma raça muito interessante: sempre deixa tudo para a última hora. É na semana do dia 20 que as vendas de natal aumentam, nos últimos dois dias antes da Páscoa que se vende mais chocolate, e por aí vai. Até para reconhecer o talento de alguém o povo se atrasa.

Explico: sabe aquele artista que já não faz mais sucesso - ou até faz, mas não como antigamente? Nada melhor do que morrer. Isso mesmo. O mercado musical comprova: morrer aumenta a venda de CD’s, traz fama e leva o falecido até os tablóides, onde a vida e a morte serão discutidas de inúmeras formas. E mais: se antes você era um filho-da-puta-idiota-e-imbecil, como em um passe de mágica – e a ajuda de alguns medicamentos para a overdose - torna-se um herói. Assim, fácil.

O nosso querido rei do pop é um grande exemplo. Michael Jackson até outro dia era visto como um pedófilo-branquelo-filho-da-puta. Hoje, tudo mudou. Depois da morte, o astro virou um herói. Não quero questionar o talento dele – até porque adoro Michael -, mas observem: desde a inesperada morte, na quinta-feira passada, o cantor de “Billie Jean” já vendeu mais CD’s que Elvis Presley e John Lennon após suas respectivas mortes, também repentinas.

O cara estava fá-li-do, e não que esteja milionário agora – primeiro porque ele está morto e segundo porque ainda deixou uma coleção de dívidas -, mas está cheio de neguinho querendo tirar proveito. Quem já tinha comprado entradas para a turnê européia, se quiser o dinheiro de volta, terá que devolver o ingresso. Mas quem é que vai entregar o precioso ticket que comprova que a pessoa iria mesmo ao espetáculo? O fã irá guardar. Ficará sem show, sem Michael e sem dinheiro, mas terá um valioso papel em mãos.

E até o Brasil entrou nessa boquinha. O Governo do Rio de Janeiro fará uma estátua do cantor no morro Dona Marta, onde ele filmou, em 1996, uma cena para o clipe da música "They Don't Care About Us". Isso sem falar, claro, da exposição na mídia. O cantor morreu na quinta e, no dia seguinte, o Globo Repórter já tinha um Especial Michael Jackson. Na TV, várias retrospectivas da carreira do astro pop. Nas bancas de jornal, já há uns três pôsteres dele. Nas rádios e nos bares, “Black or White”, “Thriller”, “Beat it”, entre outras.

Resumindo: se acha que sua carreira já afundou e que você não tem mais chance, não desista. Faça como Macabéa em “A hora da estrela”: morra. Depois, poderão falar que você se matou porque não aguentaria a pressão de fazer muitos shows, que não gostava do pai, que o seu filho não é seu e até que você era gay. Não importa. Você não verá nada disso mesmo. Alguns até vão dizer que você está escondido nas ilhas Cayman. Mas como dizem por aí: “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”.