sábado, 4 de setembro de 2010

Leve desespero

"...Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui..."

Procuro entre camisas do Corinthians e garotos altos e magros de 20 anos. Sei que não é você. Não poderia ser. Mas volto a olhar para ter certeza. Inocência minha. Ou seria covardia em não acreditar - embora não haja maneira de negar?

Cena mais forte. Dor mais intensa. Dúvida eterna. Em meio a pensamentos desconexos, volto ao questionamento. E sei que não há respostas. O que poderia justificar? Vejo-me presa em um labirinto com perguntas que só geram novas perguntas.

Silêncio. A vida se torna chata sem você. Falta o ânimo, a alegria e o entusiasmo que você tinha. Eu defendo o Corinthians, mas é você quem sabe a escalação do time. Eu gosto de rock, mas é você quem tem milhares de CDs, conhece as bandas e o nome de todas as músicas. Adoro filmes, mas é você quem sabe falar dos diretores e elenco. Eu só gosto, você ama. As preferências são nossas, mas a intensidade é sua.

Quem vai levar meus filhos ao Pacaembu e ensiná-los a ouvir metal?

sábado, 3 de julho de 2010

Da decepção à alegria

Assistir às partidas do Brasil no trabalho é sempre complicado. Não adianta. Em algum momento sai aquele:

- Chuta! Chuta! Chu-ta, filho da p.... Ops!

A mão vai à boca como um gesto de repressão, a cabeça fica baixa instantaneamente como um pedido de desculpas e logo surge aquela olhada discreta para ver se algum diretor está por ali.

Mas quando o jogo não está bom e o nervosismo invade o ambiente, as pessoas saem de si e não se dão conta do que fazem. As reações seguintes deixam de ser reprimidas, como se todos estivessem na sessão de “Dois Minutos de Ódio”, do livro “1984”, de George Orwell.

Quisera eu ter uma câmera para filmar os socos na mesa e os gritos desesperados do pessoal do trabalho durante o segundo tempo e teria diversão para o ano inteiro. Mas, confesso, também estaria nessas cenas bizarras.

E ainda me pergunto por que o Brasil perdeu. Seria a torcida do rock star Mick Jagger que trouxe azar à Seleção? Ou foi praga de um colega que colocou no bolão – antes da Copa começar – que nosso País seria eliminado pela Holanda nas quartas de final?

Passada a decepção, nada como ver os hermanos perderem no dia seguinte. Duvido que qualquer terapia gere o mesmo efeito.

A cara de tristeza do Maradona ao assistir à Argentina ser goleada por 4 a 0 - espera aí: ZE-RO - não tem preço!


terça-feira, 15 de junho de 2010

Comer ou não comer?

Hoje, terça-feira, é dia de McArgentina. E também estreia do Brasil na Copa do Mundo.

E daí? Pois bem. Desde que o McDonald's lançou os novos hambúrgueres, tenho vontade de experimentar o argentino. Mas sempre por algum motivo acabo não comendo.

Por outro lado, meu coração disparava só de pensar que o Mundial da África do Sul faltava poucos dias para começar. E hoje, jogo da Seleção, estava mais nervosa que o comum.

Até o horário do almoço, uma questão não saía da minha cabeça: Será que comer o McArgentina no dia da partida da Seleção Brasileira vai dar azar ao País? Comer ou não comer?

Não arrisquei. Achei melhor escolher o Quarteirão. Não que eu seja muito supersticiosa, mas é melhor evitar, né? Afinal de contas, a Argentina nunca traria sorte ao Brasil. Posso esperar uma semana pelo tão comentado hambúrguer. Pior seria a consciência pesada caso desse zebra e a Seleção perdesse.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Palavras

O alfabeto tem 26 letras. Na língua portuguesa, há mais de 400 mil palavras registradas nos dicionários. E se considerarmos a linguagem popular, que é formada e reformulada a cada dia, esse número vai muito além.

Combinadas, as palavras podem formar versos, poemas, músicas e contos. Com o toque certo, formam-se verdadeiras obras de arte. Com tanta riqueza na linguagem, é possível dizer a mesma frase de inúmeras maneiras. Diante de tal fato, arrisco-me a dizer que, portanto, ser delicado, sutil, direto ou ignorante é questão de escolha. E o português nos dá várias.

Há quem diga que, em um momento de raiva, as pessoas não costumam pensar. Mas, para ofender alguém e tocar bem forte com o dedão em uma ferida recente, ainda sangrando, é preciso ser habilidoso e calculista. Isto porque selecionar as palavras certas não é uma tarefa fácil. É preciso analisar o que irá machucar mais, saber em qual parte aumentar o tom, em que momento ser sarcástico, rir e ir embora.

Contudo, passado algum tempo, mesmo depois de dizer mil palavras ofensivas, existirá uma que será quase que impronunciável. É como se pesasse um milhão de toneladas. E dizê-la até parece que dói. Trata-se de um termo simples, fácil de ser pronunciado, embora traga uma carga de significância indescritível.

É só um amontoado de letras. Verdade. Mas traz simbologia, representa sentimentos. Por isso, também não basta ser dita. Precisa ser sentida. Tem que ser verdadeira. Porque quem pede desculpas, diz muito de uma só vez. Não precisa explicar, enrolar ou tentar justificar. É só pedir. D-E-S-C-U-L-P-A. Mas esta parece ser mais uma palavra em extinção. Deve ser isso.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Teoria Conspiratória

Em 1904, houve uma revolta popular no Rio de Janeiro. A população temia à vacinação obrigatória, imposta pelo governo, contra a varíola.

Em 5 de abril de 2010, começa a 3ª etapa da vacinação contra a nova gripe H1N1, que inclui adultos de 20 a 29 anos. Neste caso, não haverá revolta, mas muitas das pessoas que conheço se recusam a receber a vacina.

Já ouvi diversas opiniões sobre o tema. Delas, a mais interessante diz que essa campanha é uma forma de exterminar parte da população. Afinal de contas, o mundo já está superpovoado e não precisa de tanta gente para dar continuidade à espécie. A teoria ainda vai além e relembra a Aids, que, seguindo a lógica da tal conspiração, foi um vírus feito em laboratório exclusivamente para diminuir a quantidade de pessoas no planeta. E, claro: há vários vídeos no youtube que ostentam essa ideia.

Minha surpresa não é nem saber que existe uma teoria conspiratória para a H1H1, mas é, a cada vez que vou contar o caso para alguém e debochar da situação, ouvir a pessoa concordar com a tese e dizer que também não irá se vacinar.

Prato cheio para quem adora ouvir versões de planos secretos que tramam o fim do mundo.

Santa imaginação, Batman!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Fazia tempo...

Ele é como um amigo. Um velho amigo. Contamos várias histórias, desabafos e até pedimos desculpas pela ausência. É aquela velha ladainha de sempre: 'Estava sem tempo', 'Passei por uma fase ruim' ou até 'foi desleixo mesmo, eu sei'. 'Mas isso não vai mais acontecer', argumentamos. E sempre acontece.

Contudo, ele está sempre lá, nos esperando. Vemos algo e nos lembramos dele na hora. Não tem jeito. Lamentamos não estar por perto quando queremos, porque a gente quer contar tudo: encontros mal-sucedidos, conversas engraçadas, filmes legais, viagens emocionantes, enfim.

E nem sabemos dizer exatamente o que ele é. Só sabemos que gostamos, sentimos saudades e pensamos muito nele. E é por isso que sempre volto. Porque ter blog é bem melhor que diário. E, uma vez que o temos, é difícil deixá-lo. A gente quer atualizar, deixar a página bonita, colocar fotos legais. Afinal de contas, ele tem muito de nós. De mim. Não posso abandoná-lo. Não quero.

O Conversa de Mesa de Bar passou por umas reformas e agradece a criatividade e disposição do Cicutaneles. Em breve, mais postagens.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Um café e uma dose de ironia, por favor!

Hoje, durante o café da manhã:

- Você conhece uma doença chamada Câncer?
- Hãn? Conheço, ué..
- Ah, tá.. É que parece que foi inventada agora, com a Hebe. Os programas de TV não sabem falar de outra coisa. Até parece que ela é a primeira pessoa a ter.

By minha mãe

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Histórias de cozinha

Todas as nossas escolhas, algum dia, em algum lugar, serão refletidas. Sabemos disso. Mas quando se tem 12 ou 13 anos, a gente não pensa tanto no futuro.

É por isso que quando minha mãe, que na época tinha um comércio, me dava a opção de fazer comida e limpar a casa ou tomar conta da loja, eu escolhia a segunda alternativa. Ligava o rádio e, ao som da 89 FM – que naquele tempo ainda tocava rock -, arrumava as mercadorias, vendia, ficava no caixa, enfim, fazia todo o trabalho por lá.

Pois bem. Tudo na vida tem um preço. Outro ditado manjado e, por isso, também ignorado. Se me pedirem para fazer um texto, eu faço. Se me pedirem para entrevistar Fulano de Tal, eu entrevisto. Se me pedirem para assistir ao show da Maria Sicrana e fazer uma resenha, eu também faço. Mas, por favor, não me peçam para fazer arroz, pois, já aviso de antemão, sairá uma papinha-estranha-não-comível-por-seres-humanos.

Foi uma glororoba desse tipo que eu fiz durante as férias na praia. Não fosse a batata frita, a salada – porque, afinal de contas, não sou tão ignorante assim na cozinha – e o churrasco de picanha feito pelo meu namorado e, pronto, o almoço teria sido um desastre. No outro dia, sugeri que fossemos comer em um restaurante. Brincar de casinha havia perdido a graça.

Comovido com meu drama em não saber cozinhar, o pessoal do meu trabalho se reuniu e me deu várias dicas de como fazer um arroz soltinho. "Quando a cebola e o alho estiverem dourando, joga o arroz", disse um deles. "Quando o arroz começar a grudar na panela é a hora de colocar a água", falou outro. "A quantidade de água é só um dedo acima do arroz, hein?", alertou outro.

Se até a filha de 9 anos do Fulano sabe, por que eu não posso aprender? Agora, é questão de honra.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O dia depois de amanhã

Às vezes, esperamos tanto por algo e quando finalmente acontece não sabemos como reagir.

Quando terminei o colegial e consegui uma bolsa na faculdade, aparentava ter 14 anos e não me achava pronta para entrar no ensino superior. Eu havia estudado muito para isso, mas a cara e os pensamentos de criança não colaboravam para que eu me imaginasse como uma universitária. Essa palavra era pesada e agregava uma responsabilidade e uma maturidade que eu ainda não tinha.

Quatro anos mais tarde, aqui estou eu: formada. Agora, já tenho cara de uns 18 ou 19 anos. Trabalho na área e sou mais confiante. Tenho cachorros, já escrevi um livro e, como dizem por aí, só falta plantar uma árvore.

No entanto, só agora é que a ficha começa a cair. Depois das férias, amanhã volto ao trabalho. E não terei mais aquelas preocupações como: "quando começam as aulas?", "será que aquele professor dará aula para a gente de novo?" e "preciso comprar um caderno novo". No lugar dessas, entraram: "o que eu vou fazer depois do trabalho?", "não é meio vagabundo parar de estudar?", "preciso fazer algo útil à noite".

Embora eu tenha esperado tanto por isso, ainda é estranho pensar que já terminei o curso. Sentirei falta dos amigos que encontrava todos os dias, de ter que sair correndo da empresa, comer qualquer coisa e ir à aula, das brigas para fazer os trabalhos, dos professores e até de ver aquelas pessoas que eu nem conversava.

Mas, realmente, preciso encontrar algo para fazer à noite. O trajeto casa-trabalho-casa me parece meio monótono. Como as pessoas conseguem fazer só isso?