sábado, 10 de setembro de 2011

ROD

Dor. Palavra curta. Três letras. Menor que amor, com quatro. Talvez não por acaso. É possível senti-la de milhares de formas e por inúmeros motivos. Todo mundo guarda alguma. E é difícil medi-la, dizer qual é maior. Tem dor que dói mais, mas por ser mais lembrada e não por ser menos relevante. Doer com menor frequência não é deixar de doer. Dor é dor, seja de que forma for.

Tem dor que é despertada com música. Dói, o coração bate mais forte, as lágrimas querem cair, a mente lamenta e dói. Tem dor que nunca irá partir porque lembra pessoas e momentos que não voltam. Tem dor que é despertada por lugares. Dor nostálgica.

Mas talvez a dor seja importante. Mostra que nem tudo é para sempre. Ensina a conviver com perdas. Mas com ou sem lição, dói. E para algumas não tem remédio. O tempo avança e o presente passa a ser o futuro sonhado, que pelo passado foi modificado.

Ele queria ir ao Rock in Rio, não importava como. Iria levar minha mãe. Promessa feita. E quebrada antes mesmo do início do festival. Hoje vou ver Judas Priest e Whitesnake, bandas que ele tanto gosta e que vimos juntos pela primeira vez em 2005. Não achei que iria doer, mas está doendo. Se ele estivesse aqui, teria ingresso para pista premium, comprado já no primeiro dia de vendas. Mas não está. E dói.

A separação dói.

Há várias dores. E todas se encontram porque todas doem. Nenhuma é menos importante. As dores se misturam. E dói mais. A gente sobrevive, mas dói. E sempre vai doer.

Não era para ser um post dolorido, mas dói. Fazer o que?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Entre sorrisos e lágrimas

Aquelas letras de forma em vermelho despertavam minha atenção desde que entrei na sala. Mas naquele momento não era a cor ou a peculiaridade de sua localização – dentro da própria sala de cinema - que me chamava. Era o conteúdo – FEMININO – e seu significado – banheiro. Segui meu instinto e entrei. Quando fui lavar minhas mãos, reparei que uma senhora estava logo atrás de mim. Pressionei o suporte para pegar o sabonete e escolhi a torneira da esquerda, deixando a da direita para a mulher. Sacudi minhas mãos e fui ao encontro do papel para secá-las.

- Você se esqueceu de fechar a torneira.

- Nossa, é mesmo... A gente se acostuma com essas torneiras automáticas de só colocar as mãos embaixo e depois ela parar sozinha.

- É verdade, mas o engraçado é que você abriu a torneira...

- É, né?

- Deve ter sido o filme, difícil não ficar desnorteada depois dele...

O filme em questão é ‘Melancolia’, de Lars Von Trier. De fato, os minutos após qualquer filme dele sempre nos deixam meio perdidos de tanta informação. E com esse não foi diferente. Vejo suas produções como um desfile de moda. E antes que alguém queira me matar pela comparação, explico. Nunca vemos nas ruas exatamente o que é apresentado nas passarelas, mas sim a essência. Os exageros são descartados e a ideia da coleção, babados, renda, estampas ou transparência, por exemplo, é o que se vê nas vitrines.

Os longas-metragens de Von Trier seguem o mesmo modelo. Não temos uma vizinha que aos poucos perde a visão e guarda dinheiro em uma lata na cozinha (Dançando no Escuro), nem estamos diante de um planeta que ameaça atingir a Terra (Melancolia). No entanto, quem é que não conhece alguém que já foi enganado por quem confiava ou que por vezes tenta sorrir para disfarçar a insatisfação com o mundo, as pessoas e a vida de maneira geral?

‘Melancolia’ se torna muito próximo de qualquer um quando analisamos sua essência. Precisar estampar um sorriso no rosto mesmo quando se está de saco cheio de tudo. Sentir-se diferente e deslocado mesmo com conhecidos ao redor. O nome do longa já prepara o telespectador para o que está por vir. Retrata uma melancolia que todos sentem pelo menos uma vez na vida - entre sorrisos e lágrimas.

É intrigante perceber que na hora do desespero, a irmã mais sã – se é que posso chamá-la assim, vivida por Charlotte Gainsbourg, é que fica descontrolada. Enquanto kirsten Dunst, a louca – porque em algum momento do filme é assim que a vemos – é que consegue raciocinar e criar um momento mágico para o sobrinho. Cheguei até a me lembrar de ‘A Vida é Bela’.

‘Melancolia’ não é meu filme preferido de Lars Von Trier, mas não me decepcionei. Na verdade, acho que será difícil superar ‘Dogville’ e ‘Dançando no Escuro’. De qualquer forma, vale a pena assisti-lo. Sem falar na mais que agradável surpresa de encontrar Alexander Skarsgard, também conhecido como Eric, o vampiro viking de True Blood, no elenco. Depois dessa, quem quer saber de Brad Pitt e seu filme da árvore que ninguém entende nada? HAHA