terça-feira, 2 de abril de 2013

Nas nuvens

Medo. É sempre o medo. É ele que quer nos puxar pela perna. Quanto maior a altura, maior a queda, maior o medo. Ele está no frio na barriga, nas rugas que se formam na expressão do rosto de preocupação, nas mil e uma ideias e possibilidades que vêm à mente à noite e nos impede de dormir e nas dúvidas diárias. É ele que nos faz perguntar se estamos no caminho certo e se tomamos a decisão certa. Como se o certo fosse simples. Quando a gente faz algo, é porque acha que é certo. Mas não há problemas em errar. O problema está em não reconhecer o erro e em não aprender com o que foi ensinado.

Há vários tipos de medos, mas geralmente estão todos ligados a não querer se decepcionar. Atribuímos tanta responsabilidade a nós. É como nos cobrar além da conta. Já temos as preocupações rotineiras e ainda queremos a de não errar, que nada mais é também do que não querer sofrer. Mas sofrer é sempre um risco. Há riscos grandes e pequenos, mas eles também estão sempre lá. E são os maiores que costumam nos atrair. É como se fossemos masoquistas. Gostamos daquilo que mais pode nos machucar. E eu disse pode. Não quer dizer que vai. Mas é um risco. E onde há risco, há medo. O maldito medo.

Amar alguém significa dar a uma pessoa o poder de nos ferir. Porque só quem a gente gosta pode nos decepcionar. E saber que alguém tem esse poder assusta. Dá medo. Mas é preciso saber conviver com este sentimento. Ele estará lá e mesmo assim a gente vai seguir em frente. Porque é assim que deve ser. Ele não pode nos atrapalhar. Pode até servir de alerta e é bom que nos force a refletir, mas quando mesmo assim, depois de visto os prós e contras, a vontade persiste, então temos de vencê-lo.

É normal que o medo esteja presente. É normal que haja risco. É normal não querer errar. Sabendo disso, resta-nos pular do penhasco. E que seja bem alto. Porque quanto maior a altura, mais bonita será a vista. E eu quero estar nas nuvens.