Quando crianças, somos incentivados a desejar e a sonhar. Acontece de forma sutil: desde pensar em o que queremos de presente de aniversário e natal
até aqueles filmes infantis que falam sobre seguir nossos sonhos e não
desistir nunca. Na nossa mente, fica a mensagem de que sempre precisamos
de um caminho.
Essa cultura pode até parecer
inofensiva. Mas é capaz de causar depressão em milhares de adolescentes e
adultos. São vítimas os que simplesmente não sabem o que pretendem ser
quando crescer. E pior: crescem e se veem perdidos por não se
identificar com nada a ponto de dedicar a vida. Há pessoas que
desde crianças sabem o que querem fazer. Há ainda os que pensam em ser
algo e, no meio do caminho, mudam de ideia. E aqueles que trocam de rumo
o tempo todo por se frustrar a cada empecilho percebido. E os
empecilhos às vezes vem de nós. São nossos medos, nossas indecisões,
nosso orgulho.
Estamos na época da geração
depressiva. A geração que viu tanto conto de fadas e vibrou com tantos
heróis na infância, que frustra-se por não ser um. A geração de pessoas que saiu da
escola e viu mais facilidades para cursar uma faculdade, mas
simplesmente não sabe qual fazer. Começa um curso, percebe que não
gosta, para, começa outro, acha as matérias difíceis, tranca a
matrícula, vai viajar ou simplesmente fica em casa preso à cama e à tv.
Há tantas opções que confundem a mente. Fazer o que gosta ou o que dá
dinheiro? Curso mais longo ou mais curto e prático? Algo fácil só para
ter diploma?
Em paralelo, estão as pessoas felizes em redes sociais.
Enquanto um parou a faculdade e não sabe o que fazer, outro posta fotos
que exibem sua prosperidade - está formado, é bem-sucedido e se casou.
Em um mundo de pessoas tão vazias, felicidade é ostentação. Torna-se
meta a ser alcançada. Mas e quando nem se sabe por onde começar?
Por
trás de fotos de sorrisos e copos de cerveja, nem sempre há felicidade.
Mas a geração da depressão não sabe disso. Ou pelo menos se esquece de
questionar antes de se sentir inferior. Há rumos já traçados e que
servem de exemplo para muitos. Livros de autoajuda e biografias de
milionários estão aí para inspirar. Mas nem todos se encaixam em caminhos preestabelecidos. Só que cada um pode traçar o próprio. Cada um tem seu
tempo. E não há problema em demorar para alcançá-lo. Na verdade, penso
que se perder faz parte de um caminho alternativo. Aquele que leva a
novas descobertas. Descobertas sobre si. Quem disse que autoconhecimento
não é um caminho?
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
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