domingo, 24 de abril de 2011

Dias de perdição

Foram semanas fazendo regime para estar em forma nas férias. Só me esqueci de um pequeno detalhe: iria viajar depois da Páscoa. Páscoa. P-Á-S-C-O-A. C-H-O-C-O-L-A-T-E. Como não pensei nisso antes?

Fico o ano inteiro esperando por esta época. Nenhum ovo é igual ao chocolate e até aqueles sem graça costumam surpreender. E tem a escolha na hora de comprar. Passar pelo corredor de ovos no supermercado como um cachorro fascinado em frente àquelas máquinas de frango assado.

A expressão 'comer com os olhos' cai muito bem neste momento. A gente analisa, pega, olha o preço, compara, escolhe e sai andando sem olhar para trás com medo de mudar de ideia pela centésima terceira vez.

Depois, com tanto ovo em cima da geladeira – os comprados somam-se aos ganhados-, resta-nos a difícil decisão de qual abrir primeiro. Comer vários pedaços o dia inteiro como quem pega uma uva na fruteira. O domingo de Páscoa é aquele típico dia para passar de pijama, vendo filmes e devorando o que temos.

E é uma única vez ao ano. Os primeiros ovos expostos nas lojas anunciam que um dos meus feriados preferidos está próximo. Em seguida, o prazer de ver as embalagens formando um novo colorido na cozinha.

Por isso, decidi. Não vou me sentir culpada por ter comido tanto após dias de dieta. Prefiro pensar como Julia Roberts em 'Comer, rezar, amar': ao invés de reclamar que a calça está apertada, é melhor comprar outra maior. E que venham as férias – minhas primeiras férias.