Tantos textos que comecei e que não terminei. Conversas que
não tive. Discussões que ignorei. Às vezes é melhor deixar para lá. Não fazemos
sempre o que queremos, mas o que é melhor - ou o que acreditamos que seja o
melhor. Não precisamos discutir todas as vezes que discordamos. Não precisamos
sair de uma briga com a razão – ainda que a tenhamos. Não precisamos provar
sempre que estamos certos. E podemos estar errados. Na verdade, podemos tudo. Mas
nem sempre devemos.
Tem discussão que não vai chegar a lugar nenhum. Há verdades
que não precisam ser ditas e nem provadas. Nem tudo vale a pena. Com o tempo, a
gente percebe que as pessoas pensam diferente. E isso é ótimo. Nem todos
precisam concordar com a gente. E não temos que fazer os
outros mudarem de ideia. Cada um pensa o que quer.
Há coisas pequenas e grandes, que magoam mais ou menos. Às vezes,
fazemos o que não queremos para agradar quem gostamos. Abrimos mão de
determinadas coisas por um bem maior. É assim que se vive civilizadamente. Alguém
tem de ceder. Não necessariamente concordar, mas ceder. Fazemos isso por quem
realmente nos importa. O orgulho teima em falar alto, mas sabemos que toda ação
gera uma reação, que toda atitude gera uma consequência. E o preço pode ser alto demais. A gente coloca
tudo na balança e escolhe.
E depois não adianta lamentar. A gente faz o que quer, mesmo
sem querer fazer. Melhor dizendo, a gente faz aquilo que acha que tem de
fazer. E se tem de fazer, é melhor que seja sem reclamar para que a contradição
de não querer pareça menor. A gente reclama por dentro, mas sabe que só faz
aquilo que é rentável. No fim das contas, não é fazer pelo outro, mas fazer por
aquilo que queiramos que aconteça e que acreditamos.