Medo.
É sempre o medo. É ele que quer nos puxar pela perna. Quanto maior
a altura, maior a queda, maior o medo. Ele está no frio na barriga,
nas rugas que se formam na expressão do rosto de preocupação, nas
mil e uma ideias e possibilidades que vêm à mente à noite e nos
impede de dormir e nas dúvidas diárias. É ele que nos faz
perguntar se estamos no caminho certo e se tomamos a decisão certa.
Como se o certo fosse simples. Quando a gente faz algo, é porque
acha que é certo. Mas não há problemas em errar. O problema está
em não reconhecer o erro e em não aprender com o que foi ensinado.
Há
vários tipos de medos, mas geralmente estão todos ligados a não
querer se decepcionar. Atribuímos tanta responsabilidade a nós. É
como nos cobrar além da conta. Já temos as preocupações
rotineiras e ainda queremos a de não errar, que nada mais é também
do que não querer sofrer. Mas sofrer é sempre um risco. Há riscos
grandes e pequenos, mas eles também estão sempre lá. E são os
maiores que costumam nos atrair. É como se fossemos masoquistas.
Gostamos daquilo que mais pode nos machucar. E eu disse pode. Não
quer dizer que vai. Mas é um risco. E onde há risco, há medo. O
maldito medo.
Amar
alguém significa dar a uma pessoa o poder de nos ferir. Porque só
quem a gente gosta pode nos decepcionar. E saber que alguém tem esse
poder assusta. Dá medo. Mas é preciso saber conviver com este
sentimento. Ele estará lá e mesmo assim a gente vai seguir em
frente. Porque é assim que deve ser. Ele não pode nos atrapalhar.
Pode até servir de alerta e é bom que nos force a refletir, mas
quando mesmo assim, depois de visto os prós e contras, a vontade
persiste, então temos de vencê-lo.
É
normal que o medo esteja presente. É normal que haja risco. É
normal não querer errar. Sabendo disso, resta-nos pular do penhasco.
E que seja bem alto. Porque quanto maior a altura, mais bonita será
a vista. E eu quero estar nas nuvens.