sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Entre sorrisos e lágrimas

Aquelas letras de forma em vermelho despertavam minha atenção desde que entrei na sala. Mas naquele momento não era a cor ou a peculiaridade de sua localização – dentro da própria sala de cinema - que me chamava. Era o conteúdo – FEMININO – e seu significado – banheiro. Segui meu instinto e entrei. Quando fui lavar minhas mãos, reparei que uma senhora estava logo atrás de mim. Pressionei o suporte para pegar o sabonete e escolhi a torneira da esquerda, deixando a da direita para a mulher. Sacudi minhas mãos e fui ao encontro do papel para secá-las.

- Você se esqueceu de fechar a torneira.

- Nossa, é mesmo... A gente se acostuma com essas torneiras automáticas de só colocar as mãos embaixo e depois ela parar sozinha.

- É verdade, mas o engraçado é que você abriu a torneira...

- É, né?

- Deve ter sido o filme, difícil não ficar desnorteada depois dele...

O filme em questão é ‘Melancolia’, de Lars Von Trier. De fato, os minutos após qualquer filme dele sempre nos deixam meio perdidos de tanta informação. E com esse não foi diferente. Vejo suas produções como um desfile de moda. E antes que alguém queira me matar pela comparação, explico. Nunca vemos nas ruas exatamente o que é apresentado nas passarelas, mas sim a essência. Os exageros são descartados e a ideia da coleção, babados, renda, estampas ou transparência, por exemplo, é o que se vê nas vitrines.

Os longas-metragens de Von Trier seguem o mesmo modelo. Não temos uma vizinha que aos poucos perde a visão e guarda dinheiro em uma lata na cozinha (Dançando no Escuro), nem estamos diante de um planeta que ameaça atingir a Terra (Melancolia). No entanto, quem é que não conhece alguém que já foi enganado por quem confiava ou que por vezes tenta sorrir para disfarçar a insatisfação com o mundo, as pessoas e a vida de maneira geral?

‘Melancolia’ se torna muito próximo de qualquer um quando analisamos sua essência. Precisar estampar um sorriso no rosto mesmo quando se está de saco cheio de tudo. Sentir-se diferente e deslocado mesmo com conhecidos ao redor. O nome do longa já prepara o telespectador para o que está por vir. Retrata uma melancolia que todos sentem pelo menos uma vez na vida - entre sorrisos e lágrimas.

É intrigante perceber que na hora do desespero, a irmã mais sã – se é que posso chamá-la assim, vivida por Charlotte Gainsbourg, é que fica descontrolada. Enquanto kirsten Dunst, a louca – porque em algum momento do filme é assim que a vemos – é que consegue raciocinar e criar um momento mágico para o sobrinho. Cheguei até a me lembrar de ‘A Vida é Bela’.

‘Melancolia’ não é meu filme preferido de Lars Von Trier, mas não me decepcionei. Na verdade, acho que será difícil superar ‘Dogville’ e ‘Dançando no Escuro’. De qualquer forma, vale a pena assisti-lo. Sem falar na mais que agradável surpresa de encontrar Alexander Skarsgard, também conhecido como Eric, o vampiro viking de True Blood, no elenco. Depois dessa, quem quer saber de Brad Pitt e seu filme da árvore que ninguém entende nada? HAHA

2 comentários:

Wood disse...

Desculpa desvirtuar um post tão legal sobre o filme: mas o Alexander Blbalbalbla é muito feio, comparado com o Eric que eu sempre sonhei quando lia os livros, HAHAH! Sou mais o Brad Pitt, trezentas mil vezes.

De resto, eu amo "Dançando no Escuro" e "Dogville" assistimos juntas. Ambos os filmes são muito bons =D

Mas sabe que essa coisa da pessoa sã provar ser a louca e vice-versa, acho que faz parte da essência humana mesmo. Ninguém consegue ser linear o tempo todo. Interessante, quem sabe eu não assista o filme um dia? haha! (e quando você falou das letras vermelhas, eu pensei que ia falar de outra coisa!)

Beijos, little girl!!

Andréia Félix disse...

O Eric que eu imaginava lendo os livros também é mais bonito, mais forte e mais engraçado rsrs Mas eu não reclamaria nem um pouco de ter um Alexander Blablabla pra mim HAHAHA

Ah, e o Brad ficou sem graça no filme da ávore que ninguém entende :D~ Bah!