sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pura verdade

Sinceridade. Ninguém diz que não é sincero. Mas o que é ser sincero? Falar a verdade às vezes ofende. Às vezes estraga o que demorou anos para ser construído. Omitir é deixar a sinceridade de lado, mas nem tudo precisa ser dito. O problema é quando a consciência pesa.

Uns dizem que preferem sempre a verdade. Outros pensam que se a verdade não é relevante, é melhor não saber. E quando a gente ouve o que não gosta, não pensa em como foi difícil para a outra pessoa contar. Ela poderia ter omitido. Mas se resolve falar é porque a pessoa que vai ouvir é de alguma forma importante. E não é fácil contar. Quem conta, coloca em risco o que tem. É preciso pensar no momento certo, na forma certa, no tom certo. E ainda há os conflitos de dizer ou não dizer.

Tem verdade que dá medo. A gente não quer saber por que sabe que vai se machucar. E enquanto as palavras não se manifestam, há sempre uma esperança. Às vezes a verdade está ali, na nossa cara, mas não enxergamos, porque não queremos acreditar. Talvez essa seja a pior verdade, porque nos faz se sentir como idiotas.

A verdade pode ter o poder de mudar uma vida. Se a gente soubesse o resultado, talvez nem começasse. Mas tem também aquela verdade que já é conhecida, mas que não muda nada. Não é que ela seja agradável, mas quando você a conhece, sabe como agir, sabe o que pensar. É bom tê-la por perto para nos lembrar da realidade.

Mas tem gente que insisti tanto em ter a verdade que, quando a tem, não sabe o que fazer. É fácil dizer que quer ouvir. Difícil é conviver com algo que não precisaria estar ali. Que incomoda. Mas que já não significa nada para a outra pessoa. Então por que saber? Já temos dificuldade em lidar com o presente. Sendo assim, para que envolver o passado na história?

Por outro lado, há verdades que precisam ser ditas. Ajudam a traçar o futuro com base no presente. Talvez esteja aí o segredo: o que é atual e continuo deve ser dito, mas o que se trata do passado e de coisas que já não fazem mais sentido podem ser omitidos. Pura e simplesmente porque não importam mais e só vão machucar quem ouve com o que já nem corresponde à realidade.

Sobretudo, antes de mais nada, é preciso saber que há sempre os dois lados, o de quem conta e o de quem ouve. E costuma ser conflituoso para ambos.

3 comentários:

Gislene Trindade disse...

E quando as mentiras brancas ficam encardidas? E quando as omissões viram lacunas tão grandes a ponto de nos engolir? Será que o momento em que as mentiras sinceras já não interessam mais sempre chega? Como se brinca? *Ensina!

Andréia Félix disse...

Não é questão da mentira ser 'branca', mas do quanto ela é atual.

Por que, necessariamente, contar algo do passado que já não importa mais e que pode magoar a outra pessoa?

Agora, se o assunto é sobre algo contemporâneo, que vc ainda sente ou acha, aí eu acho que deve ser contado. Mas só acho.. tudo está em fase de testes rsrs

Felipe Teles disse...

((palmas))
Acredito que os comentários fazer parte do texto...
Ficou perfeito com eles e faltaria sem eles...
Muito bom!!