quarta-feira, 1 de julho de 2009

Holofotes, brilho e glamour

O ser humano é mesmo uma raça muito interessante: sempre deixa tudo para a última hora. É na semana do dia 20 que as vendas de natal aumentam, nos últimos dois dias antes da Páscoa que se vende mais chocolate, e por aí vai. Até para reconhecer o talento de alguém o povo se atrasa.

Explico: sabe aquele artista que já não faz mais sucesso - ou até faz, mas não como antigamente? Nada melhor do que morrer. Isso mesmo. O mercado musical comprova: morrer aumenta a venda de CD’s, traz fama e leva o falecido até os tablóides, onde a vida e a morte serão discutidas de inúmeras formas. E mais: se antes você era um filho-da-puta-idiota-e-imbecil, como em um passe de mágica – e a ajuda de alguns medicamentos para a overdose - torna-se um herói. Assim, fácil.

O nosso querido rei do pop é um grande exemplo. Michael Jackson até outro dia era visto como um pedófilo-branquelo-filho-da-puta. Hoje, tudo mudou. Depois da morte, o astro virou um herói. Não quero questionar o talento dele – até porque adoro Michael -, mas observem: desde a inesperada morte, na quinta-feira passada, o cantor de “Billie Jean” já vendeu mais CD’s que Elvis Presley e John Lennon após suas respectivas mortes, também repentinas.

O cara estava fá-li-do, e não que esteja milionário agora – primeiro porque ele está morto e segundo porque ainda deixou uma coleção de dívidas -, mas está cheio de neguinho querendo tirar proveito. Quem já tinha comprado entradas para a turnê européia, se quiser o dinheiro de volta, terá que devolver o ingresso. Mas quem é que vai entregar o precioso ticket que comprova que a pessoa iria mesmo ao espetáculo? O fã irá guardar. Ficará sem show, sem Michael e sem dinheiro, mas terá um valioso papel em mãos.

E até o Brasil entrou nessa boquinha. O Governo do Rio de Janeiro fará uma estátua do cantor no morro Dona Marta, onde ele filmou, em 1996, uma cena para o clipe da música "They Don't Care About Us". Isso sem falar, claro, da exposição na mídia. O cantor morreu na quinta e, no dia seguinte, o Globo Repórter já tinha um Especial Michael Jackson. Na TV, várias retrospectivas da carreira do astro pop. Nas bancas de jornal, já há uns três pôsteres dele. Nas rádios e nos bares, “Black or White”, “Thriller”, “Beat it”, entre outras.

Resumindo: se acha que sua carreira já afundou e que você não tem mais chance, não desista. Faça como Macabéa em “A hora da estrela”: morra. Depois, poderão falar que você se matou porque não aguentaria a pressão de fazer muitos shows, que não gostava do pai, que o seu filho não é seu e até que você era gay. Não importa. Você não verá nada disso mesmo. Alguns até vão dizer que você está escondido nas ilhas Cayman. Mas como dizem por aí: “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”.

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