segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Recortes

A ousadia acha que está no extremo. As insinuações pensam que estão arrasando. Engraçado quando alguém acha que tem o controle da situação. A gente pensa que está dizendo algo, mas não está. Simplesmente não está. Aquele olhar que imaginamos ser sensual é só um olhar. E um olhar não diz mil palavras. Na verdade, não diz nada. Mas a gente insiste em pensar que é suficiente.

O que não foi dito fica no ar, quer ser passado em mensagem, mas apenas se manifesta em pequenos gestos. O corpo pode ser bem interpretado em uma paquera. Mas só. Não serve para situações mais sérias. E nada substitui o dizer. Você pode até fazer pose e olhar nos olhos, mas deve dizer.

Após ensaios e ensaios, não disse. Ela não quis arriscar, não quis machucar e se machucar. E não dá para pedir que alguém fique esperando que o óbvio seja dito. Até porque o óbvio nem sempre é tão óbvio. A gente se tortura e diz que o outro é covarde. Não é mentira. Mas então são dois covardes. Porque ela também é. Deveria saber que a vida continua. Seria inocência pensar que ficaria parada para ele. Justo ele. Não ficou. Não iria ficar.

Agora a intrusa é ela. E o não saber dói. Machuca. Por ser idiota, por ter quase tido e depois perdido, por não ter falado e achado que demonstrado era o bastante. Não foi. E o que fazer? Como querer que alguém vá ao passado e sinta o mesmo que antes? Tentar? Deixar? Esquecer? Na ânsia de uma resposta que sabe que não será dada, apenas se cala.

Um comentário:

Gi disse...

O óbvio nunca é tão perceptível na terceira pessoa. E a gente se economiza. É pra não doer, mas dói mesmo assim. E se guarda pra mais tarde, mas acaba antes de começar. É assim, só... Assim.

Olha...
Sensibilidade cada vez mais aflorada. Tõ gostando de ver, menina.