segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Foi mesmo apenas um sonho?

Apaixonar-se, casar-se, ter um bom emprego e filhos. Esse é o roteiro seguido por milhares de pessoas todos os dias – inconscientemente ou não. E foi também o rumo de Frank, interpretado por Leonardo DiCáprio, e de April, interpretada por Kate Winlest, em “Foi apenas um sonho”. Mas e quanto aos que não quiserem seguir esse modelo? E se ele não for suficiente para alguns? É errado desejar mais? Esses foram os questionamentos feitos por April, uma jovem cheia de ideais, mas limitada à vida de uma mulher casada durante os anos 50. Começou, então, a comparar o passado e o presente e percebeu que, com o casamento, ambos deixaram vários sonhos para trás.

Ele desistiu do sonho de ir para Paris e ficou preso a um trabalho que não gosta. Ela deixou a carreira de atriz para se tornar mãe e ser dona de casa. Então, eis que surge uma fascinante idéia: deixar tudo o que têm - emprego, casa e uma vida confortável - e tentar algo diferente em Paris. Não importa se eles não conhecem ninguém lá. Ela pode conseguir um emprego temporário de secretária enquanto ele descobre o que realmente gosta de fazer. É preciso dizer que eles têm dois filhos, mas isso não atrapalharia a idéia deles. Afinal, há escolas em qualquer parte do mundo. E para que diabos é preciso ganhar muito dinheiro? Eles não precisam de nada disso. Ser feliz deve ser o bastante.

O mais interessante é que tudo isso parece loucura. É como dar asas ao desconhecido e confiar em algo incerto e novo. Quem acharia normal deixar tudo o que conquistou e partir para um lugar que não conhece carregando dois filhos, algumas malas e um punhado de sonhos? Pois bem, todos acharam isso uma grande loucura. Todos, exceto um louco. Sim, um louco, que acabou de sair do manicômio e toma remédios para a cabeça. Quem conhece “O alienista”, conto de Machado de Assis, vai se lembrar da história nesse momento. O louco é o mais normal, verdadeiro e sensato do filme.

E quando já estavam decididos a se mudarem, Frank recebe uma proposta de trabalho tentadora: um salário maior. A oferta começou a ser repensada quando April conta que está grávida. As brigas e os desentendimentos acompanham o casal desde o início do casamento, mas a idéia da mudança os revigora e traz um novo brilho em seus olhos. E então: buscar a felicidade onde estão e aceitar a oferta no trabalho ou jogar tudo para os ventos e arriscar uma nova vida e se entregar ao sonho que tiveram quando jovens? O que você faria?

Em “Foi apenas um sonho”, vários temas entram em discussão: será que é preciso de um novo lugar para recomeçar a vida ou é possível fazer isso em qualquer parte? É mais importante fazer algo que gostamos ou o salário também deve ser avaliado? O que é loucura? O que é ser racional? É preciso estar louco para querer realizar um sonho e não ter mais que vontade para conseguí-lo? Será que para se casar e ter filhos é preciso desistir de tudo o que sonhamos? Não importa quais serão os questionamentos, pois eles poderão variar de acordo com o sexo, a idade e o estilo de vida de cada um, mas com certeza todos que assistirem a esse longa-metragem irão sair da sala de cinema com vários pontos de interrogação.

Assistam!

Um comentário:

Fabis Matrone disse...

Simmmm

As pessoas não se dão ao direito de fazer coisas e viver coisas novas!

Vc viu "O leitor"?