sábado, 24 de junho de 2017

Motociclista

Era alto, magro, de jeito confiante e olhos castanhos, mas não eram esses detalhes que me chamavam atenção. Havia alguma coisa nele que se destacava e me atraia. Eu não parava de olhar para uma coisa: as linhas de expressão no canto inferior e externo dos olhos dele.

Eram quatro no total. Duas de cada lado. Lindas. Quatro linhas que se destacavam a cada sorriso discreto e davam ar meigo àquele rosto que está há pouco tempo na casa dos 30 anos. Eu me perguntava porque gostava tanto daquilo. Simetria perfeita, como se um olho e suas duas marcas fosse o espelho do outro. Aquelas linhas faciais, que podem ter se formado por preocupação, estresse ou talvez sejam apenas de nascença, faziam meu olhos penetrarem nos dele. E se os olhos são mesmo a janela da alma, eu posso dizer que o conheci na essência.

A conversa foi longa e atravessou a noite. Descobri bobagens como time, profissão e signo. Demos risadas, andamos de mãos dadas, nos tratamos com intimidade. E, mais tarde fui perceber, esqueci de perguntar o nome. 'A gente se encontra na estrada', ele me disse, antes de subir na moto e voltar para sua cidade. Nunca mais voltei a vê-lo.

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