sexta-feira, 23 de junho de 2017

Tão pequeno

Às vezes, a gente se sente pequeno como um grão. Mais um na multidão como num mar de areia. A gente é frágil. Do tipo que se desequilibra com uma música velha. A melodia traz com as notas memórias escondidas, guardadas com muita dor. Levam a gente para um tempo e oferecem realidade.

Eu parei. Estava no meio da minha aula da academia. Mas era como se aquele cd estivesse na minha frente. A caixinha era vermelha e os dentes no meio estavam metade quebrados. A gente ouviu tanto aquelas músicas. Eu sabia cantar todas elas. Sei ainda, pude perceber. Letras para adolescentes. Mas éramos crianças. Não tinhamos a malícia cantada. Éramos inocentes. Cantávamos letras que não sabíamos o real significado. Poucos da nossa idade na época sabiam.

Ele tinha os cds dele e eu tinha os meus, mas aquele era nosso. Compramos juntos. Talvez por isso me bateu uma tristeza seguida por vontade de chorar. Depois que cresceu, ele já não gostava mais de Charlie Brown Jr., mas nessa época, ouvíamos as mesmas músicas. Mais tarde, eu fui para o hard rock e ele, para o heavy metal. Até tinhamos bandas em comum, mas esse cd reflete nosso início musical, nosso tempo juntos, nosso tempo inocente. Eu fiz força para não deixar nenhuma lágrima cair. Força que não estou fazendo agora. Estou escrevendo com meus olhos embaçados.

Nenhum tempo volta, mas ouvir Charlie Brown me fez voltar e lembrar de você. E é claro que sinto sua falta. A casa seria mais animada e alegre com sua presença. E eu sinto muito por não te representar tão bem. "... Eu descobri que azul é a cor da parede da casa de Deus. Não há mais ninguém como você e eu...". 

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