terça-feira, 31 de março de 2009

Nos embalos de uma palavra

Às vezes as palavras não são o bastante para descrever a intensidade e a importância de um momento. Entretanto, também pode acontecer o contrário:

Êxtase: estado de espiritualidade intenso provocado pelo contato com o mundo divino.

Dicionário escolar da língua portuguesa/ Academia Brasileira de Letras. – 2. ed. – São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

Agora, é a palavra que parece dizer mais que a ocasião. De tão bonita, até assusta.

sábado, 28 de março de 2009

Prazer no fim da luz

É pelo título que escolho as matérias que vou ler. Há alguns tão interessantes que não consigo fazer nada antes de ver sobre o que se trata a reportagem. Entretanto, quando li: “Como ter um orgasmo durante o parto”, tive uma mistura de curiosidade, espanto e descrença. Então, cliquei no link. Durante os milésimos de segundo que a página levou para abrir, fiquei imaginando se o que me esperava era um passo a passo de como sentir prazer no momento mais doloroso da vida de uma mulher.

Depois de ouvir tantos relatos sobre o assunto, como eu poderia acreditar nessa promessa? Parto é quase um assunto proibido em minha casa. O trauma da minha mãe é tanto que, além de não comentar sobre os dela, também troca de canal todas as vezes em que passa na tv alguma cena de bebês chegando ao mundo. A trilha sonora para esse momento são os berros que, embora saiam da boca de uma mulher, de femininos não têm nada.

Também nunca entendi porque alguns maridos insistem em filmar esses minutos. Para que guardar um filme dos momentos mais dolorosos da minha vida? Eu sei que, apesar de tudo, é um instante de felicidade. É uma criança que está nascendo. E também sei que talvez falte a sensibilidade materna nos meus comentários. Mas agora, nesse exato momento em que ter filhos é um plano para daqui a uns dez anos, nada disso entra na minha cabeça. Nem a filmagem, nem o prazer.

Contudo, a minha curiosidade é tamanha que eu até optaria por um parto com orgasmo. Que mulher não escolheria isso? É uma excelente troca. Já me rendi por menos. Mas, confesso, esta situação seria um tanto quanto estranha. Imaginem os médicos em volta de mim e eu, de pernas abertas, gritando de prazer. Sem câmeras, por favor! Seria constrangedor. Qual seria a reação dos médicos enquanto a minha cara exibisse satisfação? Quando alguém me perguntasse “como é ter um filho?”, eu poderia responder que, sem sombra de dúvidas, é uma sensação única, um prazer inigualável.

Na verdade, a matéria não foi um passo a passo. A diretora de um documentário sobre parto orgástico também não fez promessas. O objetivo é mostrar que o orgasmo é uma possibilidade:

“A mulher só precisa estar preparada psicologicamente, porque o corpo já está pronto. O hormônio oxitocina, conhecido como o ‘hormônio do amor’, ajuda a mãe a expulsar o bebê do útero e também é produzido pelo corpo durante uma relação sexual, quando a mulher está excitada. O corpo reage de maneira muito parecida nessas situações que parecem distintas, mas são complementares. O parto faz parte da sexualidade.”

sexta-feira, 27 de março de 2009

Nas vitrines da idade

George Clooney. Richard Gere. Eles são grisalhos, têm rugas e, no entanto, estão na lista dos homens mais bonitões do mundo. Parece que idade e cabelos brancos refletem maturidade. Isto é, para homens. Apenas para homens. Enquanto Brad Pitt exibe as rugas com muito orgulho, as mulheres fazem de tudo para não tê-las. Sim, a conversa que mostrei no último post não saiu da minha cabeça. Por que quando os homens apresentam sinais da velhice são considerados charmosos enquanto as mulheres são chamadas de velhas? Por que nossos olhos acham tão comum ver um casal em que o pai é gordo e a mãe é magra, e não o contrário?

Hommer Simpson, aquele personagem tão engraçado dos desenhos animados, tem uma parcela de culpa nessa história. Ele não se importa nem um pouco com o peso, adora doces e comidas gordurosas e sua atividade favorita é sentar no sofá, ligar a tv e tomar cerveja. Aliás, esse é o sonho de vários homens. Posso citar meia dúzia de colegas que o tem como ídolo. Em contrapartida, Marge, a mulher de Hommer, é magra, com direito a cintura fina e peitões.

No seriado “Um maluco no pedaço”, Philip Banks, tio de Will Smith, tem muito mais que cem quilos, enquanto a esposa, Vivian, exibe o corpo esbelto. Fred Flintstone também é gordo e, claro, a mulher dele, Wilma, é magra. E essa lista não para por aí: até o Dino, da Família Dinossauro, é gordinho.

Por mais louca que essas comparações possam parecer, se uma criança cresce assistindo a esses programas – e quem é que tem vinte ou trinta anos e nunca viu pelo menos um deles? -, vai ter a idéia, mesmo que inconsciente, de que não há problemas se o homem engordar, mas que a mulher tem que manter a forma. Não é que esse pensamento seja uma regra para todos que passaram horas de sua vida rindo com Hommer, Fred, Dino ou Philips, mas é mais fácil aceitar os padrões que nos acompanharam durante a infância. Estamos acostumados com eles e nossos olhos não vão reagir com estranheza.

É também quando somos crianças que elegemos heróis. E talvez eu nade contra a corrente porque meus personagens favoritos nunca foram as garotas chatas, nem as esposas perfeitas, e sim os caras desencanados, loucos, durões e engraçados. Na verdade, até hoje gosto desse perfil. Um dos meus personagens favoritos é Dean Winchester, da série Supernatural. Para ele, a diversão está no rock, na cerveja e nos hambúrgueres. Dessa forma, como posso pensar em rugas? Um dia eu sei que elas virão, mas quando esse momento estiver próximo, eu penso nisso. Afinal, preocupação também dá rugas, né?

quinta-feira, 26 de março de 2009

Problemas do mundo feminino – Parte II

O pior não é quando as pessoas não concordam com você, é saber que os pensamentos que tanto te irritam fazem parte de uma concepção pregada das mais variadas formas. É ver que as pessoas compram uma idéia com facilidade mesmo que o preço seja caro. É não ver lógica alguma, mas perceber que é dessa forma que o mundo continua. É nadar contra a corrente e se esforçar para não aceitar um pensamento. Bem, antes que pensem que eu estou maluca, vamos à conversa que me deixou assim:

- Você tem expressões de rugas.
- Ok, eu sei que preciso fazer peeling.
- O Brad Pitt está cheio de rugas e ainda é super bonitão...
- Mas ele é homem!
- E daí?
- Homens com rugas são charmosos.
- E mulheres com rugas, não?
- Claro que não! É que nem homem de cabelo branco.
- É bonito homem de cabelo branco?
- É charmoso!
- E mulher de cabelo branco?
- É velha! É que nem homem com barriguinha.
- É bonito homem com barriguinha?
- É charmoso.
- E mulher com barriguinha?
- É gorda.
- Ah, nãaao!

Inconformada, perguntei para um colega:

- Mulheres de cabelo branco são bonitas?
- Claro que não.
- Gente, isso é ridículo! Como as mulheres aceitam isso?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Facetas do mundo virtual

Qual a verdadeira função de uma rede de relacionamentos? Fazer novos amigos? Conhecer pessoas que pensam da mesma maneira? Imagino que as respostas não vão além disso. Mas até o que é óbvio tem seus paradoxos:

Fazer uma comunidade expressando sua opinião, reunir pessoas que compartilham da mesma idéia e, depois, ser punido por expor seus pensamentos em um local que incentiva o diálogo.

Essas três linhas resumem o caso de João Carlos Naldoni Jr, um fisioterapeuta que poderá ter o registro profissional suspenso por um ano. O que fez? Criou uma comunidade que critica o conselho que rege a própria profissão. Um crime! Deve ser à toa que 846 membros dividem a mesma opinião. Discutir sobre a atuação de um órgão e trocar informações relacionadas à fisioterapia deve ser mesmo um caso de policia. Temos que assistir a tudo de boca calada.

Mas não para por aí, o mundo orkutiano ainda nos reserva outras contradições:

Colocar fotos para mostrar o quanto você é feliz, bonito, sociável e teve um final de semana legal, mas restringi-las aos amigos. Em seguida, fazer depoimentos para alguém que você gosta para que todos saibam o quanto determinada pessoa é importante para você.

Não deixar que ninguém, além de seus amigos, tenha acesso ao seu livro de recados, mas entrar em comunidades que revelam algo íntimo sobre você e participar dos fóruns de discussões que estão abertos a todos.

Querer privacidade em uma rede cujo objetivo é promover a integração e entrar no perfil de outras pessoas para saber sobre a vida alheia.

Pois é, o que esperar quando o que é privado e público se confundem e liberdade de expressão deixa de ser um direito?

sábado, 21 de março de 2009

Minha ausência

Não é que falte assunto. Os ponteiros do relógio é que completam a volta rápido demais e me deixam perdida. Se tempo custasse mesmo dinheiro, eu compraria algumas horas a mais para o meu dia. Embora, às vezes, eu pense em avançar algumas semanas.

Lá se foram mais sessenta minutos. O tempo não precisa que eu faça algo para continuar a longa jornada sem fim. Sai correndo e não diz nada. Não espera. Não avisa que já está indo. Só vai. E não volta. Não alerta quando chega a hora certa. Existe hora certa?

Andamos em linhas paralelas e, um dia, quando a minha terminar, a dele vai prosseguir e nem vai dar tempo de me despedir. Mas eu odeio despedidas. Ele sabe disso.

E não adianta querer enganá-lo. Ninguém consegue. Acho que ainda tenho muito tempo, mas mesmo as linhas que se cruzam, não o fazem para sempre. E ele não avisa, embora eu cisme que costume dar pistas. Ainda tenho muito o que aprender. Mas não para e me diz se estou no caminho certo. Talvez porque não exista um. Ninguém anda em linhas retas.

Tempo. Mas que diabos é o tempo?

Sim, essa foi uma tentativa de justificar a semana ausente no blog. Foi o tempo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dia de festa

Atencioso, responde a todas às minhas perguntas. Até me corrige se escrevo errado. Com muita sutileza, pergunta-me se, por um acaso, eu não quis dizer outra coisa. Esse é o jeito dele de falar: “Sua idiota, não é assim que se escreve”. Mas ser arrogante não é do feitio dele, embora, às vezes, eu realmente me sinta uma imbecil com essas perguntas. Sei que ele não quer me constranger, mas o orgulho de ter errado na frente dele me envergonha. Prestativo, faz uma extensa pesquisa cada vez que pergunto algo. Nem precisava tanto. Mas ele faz questão de mostrar que não dorme em serviço.

Devo admitir que sempre me impressiona: oferece alguns trabalhos extras, dá opções, faz sugestões, estende o trabalho para imagens, vídeos e textos. É o tipo de funcionário que todas as empresas precisam. Não consigo imaginar meu mundo sem ele. Mas tê-lo não é tão simples assim. Por isso, é preciso felling para saber extrair o que ele tem de melhor. É verdade que faz um excelente trabalho. Em contrapartida, exige o mesmo profissionalismo – o que é justo, claro. Tenho que ser específica e dizer exatamente o que quero. Não adianta simplesmente soltar meia dúzia de palavras e esperar que faça tudo sozinho. Com nossa contribuição, o resultado sai perfeito.

Hoje, sexta-feira 13 - a segunda do ano -, a rede mundial de computadores (World Wide Web) completa 20 anos. Sozinha, já fez uma grande contribuição ao mundo. Não contente, ainda trouxe nosso amigo de todas as horas, o funcionário exemplar, aquele que está sempre às nossas ordens: o Google. Esse garoto vai longe. Só espero que não seja tão ambicioso e domine o mundo. Porque se quiser, até consegue. Esta é minha singela homenagem ao mundo virtual.

terça-feira, 10 de março de 2009

Esses dias

Acordar cedo é rotina de anos. Não costumo reclamar. Mas quando se está com dor de cabeça e com a impressão de que não descansou no final de semana, tudo o que quer fazer é voltar para cama e deixar a mensagem “Não perturbe” na porta do quarto e na caixa postal do celular. Para melhorar a situação, ainda fiquei gripada. O dia tem mesmo 24 horas? Não parece.

“Tuesday just might go my way
It can't get worse than yesterday
Thursdays, Fridays ain’t been kind
But somehow I survive
Hey, man, I'm alive
I'm taking each day and night at a time
Yeah, I’m down but I know I’ll get by
Hey, hey, hey, hey man, I’ve got to live my life
Like I ain’t got nothing but this roll of the dice
I’m feeling like a monday
But someday I’ll be Saturday night”

Ao observar o mundo pela janela, de volta para casa, quando os ponteiros do relógio estão quase juntos, anunciando que em instantes será meia-noite:

“There's something wrong with the world today,
I don't know what it is...
Something's wrong with our eyes.
We're seeing things in a different way
And God knows it ain't His.
It sure ain't no surprise.
We're livin' on the edge!”

segunda-feira, 9 de março de 2009

Sobre a paixão nacional

O assunto do dia é Ronaldo. Impossível não falar dele. Um gol aos quarenta e sete minutos do segundo tempo não é para qualquer um. Não importa se estão supervalorizando um gol. O fato é que ele merece destaque. Incrível como alguém pode ser tão amado, odiado, criticado e elogiado ao mesmo tempo. Mais interessante ainda é como um empate é comemorado igual a uma vitória. Como dizem por aí, há dois tipos de torcedores: os que são corintianos e os que não são. A oposição mordeu a língua. E esse é só o começo.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Primeiras histórias

Fazer um passeio apenas com o dinheiro da passagem. Dormir na rua depois de assistir a um grande show porque não tem carro e perdeu o último ônibus. Nem sempre a carteira acompanha os grandes momentos. Então, nos divertimos da maneira que podemos.

Algumas situações são cômicas: o começo é desastroso e o momento nos abriga a agir. Mas claro que a graça só é vista no final, quando, apesar da tensão, tudo deu certo. Depois que o nervosismo se despede, novas idéias surgem. A criatividade posterior mostra que podemos ser melhores do que já fomos. É como um estímulo: que venha o próximo.

Mão na massa
Troca de pauta. Procura de entrevistado. Montagem de roteiro. Mudanças até o último momento. O Pauta Aberta está no ar. Assim foi a produção do primeiro programa. O entrevistado já foi no SBT, na Rede Cultura e em outros canais menores. Nesses lugares, foi levado ao estúdio de carro, recebeu lanche e ficou ao lado de pessoas experientes.

Nós, em uma tentativa de sermos simpáticos para compensar a paciência que ele teve na gravação, pensamos em pagar um lanche e uma bebida. Então, o levamos ao Extra, na Paes de Barros, a dois quarteirões da faculdade. Estudantes universitários não costumam ter muito dinheiro e os arredores não ofereciam grandes opções. Era isso ou algum dos bares com música alta, pegação e bêbados. Sem precisar pensar, fomos ao Extra. Comemos as famosas baguetes do hipermercado acompanhadas de Coca-Cola. Ele ficou apenas na coca.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Dizem por aí...

Os símbolos conduzem a mente à verdade, mas não são a verdade. Cada um tem a sua.

(Heinrich Robert Zimmer)