quarta-feira, 20 de maio de 2009

Proibido para menores

Cena de "Antichrist", um dos filmes mais polêmicos de Cannes


Mutilação de membros. Sexo. Loucura. Terror. Essa não é a minha combinação preferida, mas faz parte da composição de “Antichrist”, filme que estreou no Festival de Cannes 2009.

O enredo conta a história de um casal que se isola em um chalé para tentar superar a morte do filho. Já na primeira cena, mostra-se um close, em câmera lenta, de uma penetração sexual, que transforma-se em violência e termina com uma chocante visão de uma mulher cortando o próprio clitóris com uma tesoura.

Forte. Muito forte. Só a descrição já agoniza. Se você, leitor, é uma mulher, com certeza remexeu as pernas e fez uma careta. Mas, se é homem, também não deve ter gostado do que leu. Eu não faria nenhuma questão de assistir, mas sabendo quem é o diretor, não poderia simplesmente ignorá-lo. Explico:

Dogville. Para quem me conhece, esse nome não é nem um pouco estranho. Trata-se de um dos meus filmes favoritos. É uma análise sobre o ser humano, em que o diretor, Lars Von Trier - o mesmo de “Antichrist“ -, nos apresenta a um mundo formado por pessoas hipócritas, falsas e egoístas. No fim, - isto é, para aqueles que conseguiram chegar ao final do longa - ama-se ou odeia-se a trama. Não há meio termo. Von Trier não se preocupa em agradar o telespectador. Hollywood não combina com ele.

“Dançando no Escuro”, outro filme do polêmico dinamarquês, para mim, tem o final mais trágico da história do cinema. Você não acredita no que está vendo e, mesmo que já tenha passado por situações semelhantes, fica abismado com o desenrolar da história. Isso porque ainda acreditamos no caráter do ser humano. Então, torcer por um final feliz, é como desejar um mundo que não seja tão mau quanto aparenta ser. Mas o diretor não nos polpa. Como já disse, ele não quer agradar.

Se me falassem que eu poderia conhecer cinco pessoas no mundo, uma delas seria ele. Gostaria de entender o porquê de tanto pessimismo em relação aos outros, pois, embora eu acredite em tudo o que ele mostra nesses filmes, ainda me iludo. Penso que, ainda que seja uma minoria, existem pessoas boas. Sou romântica. Mas um pouco de Dogville não faz mal a ninguém. Pelo contrário, o faz amadurecer.

Entretanto, “Antichrist” não foi aplaudido. Os críticos o classificaram como “de mau gosto”. Mas as produções desse dinamarquês não são para todos. Quem gosta de conto de fadas e comédias românticas ou procura finais felizes, não vai conseguir ficar mais de 10 minutos na frente dos longas dele. Pode até ser que este novo filme seja ruim mesmo, mas, se é do Von Trier, eu pago para ver.

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