quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cena de cinema

- Aquele cara de laranja pediu para eu trazer essa cerveja para vocês.
- Hãn?
- Não se preocupem. Ele já pagou.

Já passava das 23h e iríamos trabalhar no outro dia, mas precisávamos discutir sobre o filme que acabávamos de assistir. Uma cerveja. Era somente uma cerveja. O filme foi muito bom e queríamos falar das nossas impressões sobre ele. O longa foi “Queime depois de ler”, dirigido pelos irmãos Coen: um sarcasmo a sociedade fútil que vive hoje. De um lado, um homem obcecado por fazer exercícios e estar em forma. Trair a mulher era quase um hobby para ele. Do outro, uma mulher de meia idade em crise com o próprio corpo. Ela se mostra capaz de fazer qualquer coisa para conseguir dinheiro e aumentar os seios, tirar as rugas, diminuir a bunda e a barriga. Há ainda uma organização que nos mostra a “coisificação” do ser humano. Deixamos de ser alguém, composto de alma, sentimentos e história: está atrapalhando a nossa ação? Então mata. Alguém presenciou o assassinato? Não? Então, está tudo bem. O processo se assemelha muito com um tabuleiro de dama: se para chegar com a peça até o outro lado e fazer uma dama é preciso comer as peças do adversário, então isso será feito. Agora transforme as peças em pessoas e o ato de comer em matar. É mais ou menos isso. Sem falar nas relações amorosas. Todo mundo trai todo mundo. É uma beleza! Estamos na casa da mãe Joana.

- O mesmo cara mandou entregar esse papel para vocês.

Era um bilhete com o nome e dois telefones do cara que nos pagou a cerveja. Alguns minutos depois:

- A conta de vocês já está toda paga. Ele pagou.

Aquilo parecia cena de cinema. De fato, há inúmeros roteiros de longa-metragem em que o cara paga bebida para uma garota. Mais que isso, esse episódio era uma extensão do filme que vimos. Um cara de uns 30 anos pagando cerveja para duas garotas de pouco mais de 20. Não. Não estou me referindo a diferença de idade, mas a forma como ele fez tudo. Pagou nossas cervejas, mandou alguém nos entregar o telefone, ao sair, fez um gesto imitando um telefone com a mão, disse um “me liga” e foi embora. E será que ele acha mesmo que vamos ligar? Não achamos ele bonito e nem podemos dizer que era legal, pois não teve a capacidade de se sentar conosco, se apresentar e puxar assunto. Claro que iríamos preferir falar do filme, mas pelo menos não teria agido como um idiota. Bem...Nós bebemos de graça. Não posso reclamar.

4 comentários:

Bruna. disse...

Eu ficaria com medo, vejo um psicopata nesse cara, so pela breve descrição que vc fez! hahaha

E eu tô mto curiosa pra ver esse filme!

bjo

Anônimo disse...

Sim, sim!
Essa cena me parece muito familiar (rs).
Quanto ao filme...
É do tipo que você ama ou odeia.
Dá a impressão que está nos dizendo:"Hey seus cretinos de merda, paguem pra rir da própria desgraça".
Uma sucessão de acontecimentos que desdobram toda a profundidade da alma humana, na mais pura e simples superficialidade.
Se é cultizinho?
*Talvez...

Raphael Silveira disse...

só tenho uma coisa pra comentar: que otário! xD

Thata_Cunha disse...

nossaaaa mano .. q medoooo!!!
mas pelo menos beberam de graça neh =P

=**