quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Do cartório à cadeia?

Romarildo. Bucetildes. Bertolino. Gazélio. Ursulina. Existem tantos nomes estranhos por aí... Juro que estudei com um garoto chamado Risonaldo. A irmã dele chamava-se Risolândia. Engraçados, exóticos ou estranhos, seja lá o que for, esses nomes impopulares foram tema de estudo para a Universidade de Shippensburg, na Pensilvânia. Sim, mais uma vez digo que essas pessoas não têm o que fazer e, então, iniciam essas pesquisas inúteis. Sim, e eu também não tenho mais sobre o que falar. Ou seja: vamos à pesquisa. Segundo esses estudiosos, nomes incomuns podem levar os jovens ao mundo do crime.

Uma das justificativas que apresentam é que se as pessoas que têm tais nomes forem tratados de forma diferente pelos outros, podem ter dificuldades de se relacionar e, consequentemente, agir de forma violenta. Outra explicação é por não gostarem, de forma consciente ou não, de como são chamadas. Para mim, é uma somatória de fatores que leva alguém a ser criminoso. E se o próprio nome for realmente um fator, com certeza é o de menor importância. De qualquer forma, agradeço minha mãe pelo “Andréia”. E eis que me pergunto: O que terá acontecido com Risonaldo e Risolândia?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Entre bares e botecos

Poucas coisas são tão boas quanto uma conversa de mesa de bar com amigos. E quando a gente os tem, pouco importa o lugar onde estamos. Bem, essa é uma boa desculpa para justificar onde estive ontem. Geralmente, vamos a algum boteco. Isso já é normal. Mas dessa vez exageramos. Depois, quando me perguntam porque estou solteira, outra boa desculpa é dizer que a maioria desses botecos é frequentado por tiozões.

Noite. Vila Formosa. Duas garotas. Muito assunto. Pouco dinheiro. Chuva. Foi nesse contexto em que, depois de dispensarmos um bar cheio de bêbados com cara de tarados, fomos parar em uma casa do norte. Para quem não sabe, trata-se daqueles lugares onde há comidas típicas do nordeste, como carne-seca e feijão de corda, e serve-se refeições como dobradinha. O lugar era até bonitinho e havia umas cabeças de boi penduradas na parede – dessa parte eu gostei. Assim, ficamos novamente rodeadas por tiozões, que ainda olhavam estranho por verem duas garotas sozinhas bebendo. E claro que esse episódio tinha que virar um post. Espero não repetir a dose, mas valeu pelas risadas.

E para não dizerem que só vou a lugares estranhos, sábado fui a um barzinho chique no Tatuapé. Sentamos em umas cadeiras bem confortáveis que ficavam em volta de uma mesinha baixa de centro, bem ao estilo “Poderoso Chefão”. Quase me senti uma gangster ali. Só faltou a garrafa de whisky!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Uma curiosa história

Há momentos em que não lembramos exatamente das palavras que ouvimos, mas podemos sentir a exata sensação que tivemos ao ouvi-las. Ontem vi “O curioso caso de Benjamin Button”. Se tivesse o roteiro em mãos, poderia citar inúmeras frases de impacto. Frases realmente incríveis, que deveriam estar escritas em bilhetes colados na geladeira, no guarda-roupa, no espelho ou em qualquer outro lugar onde pudéssemos ver e guardar o que está escrito. Não, eu não lembro de todas as frases, mas lembro de como me senti quando as ouvi. No fim, acho que é isso o mais importante. Porque para as palavras terem algum sentido, elas precisam tocar, mexer com os sentimentos e revirar o seu passado e presente com uma vara curta. Caso contrário, serão só um amontoado de letras.

É engraçado ver algumas cenas, observando sentado, com pipoca na mão, de frente para a tela e, de repente, perceber que já viu aquele filme. Não. Não em outro longa-metragem, mas em sua vida. Não daquela mesma forma, mas do seu jeito. E é mais engraçado ainda rir do personagem e achá-lo idiota por fazer algo que você também já fez. Isso nos faz lembrar do quanto realmente somos idiotas, fúteis e nos importamos com coisas tão pequenas.

Benjamin Button já nasceu velho. Ele cresceu ao lado de velhos. Então, envelhecer, de fato, não era um problema. Só que ele era velho com uma mente de criança. O corpo rejuvenescia enquanto a mente amadurecia. E foi lindo ver sua vida: beber, transar, amar, errar, acertar, lutar. Ele perdeu pessoas que amou, viu gente morrendo e nascendo. Ele foi feliz. Não era um desses personagens certinhos e mecânicos. Era humanizado. Era o que a gente é e fazia o que a gente faz. Benjamin sabia que era diferente, mas olhava para si da mesma forma como olhava para os outros: tem gente que dança, tem gente que é atingido por raios, tem gente que toca piano, tem gente que tem botões. Mas o foco não foi singularizar as pessoas, e sim mostrar que precisamos aceitar o que somos, viver intensamente cada momento e fazer da nossa vida a mais feliz possível. E se não conseguirmos isso, então, que tenhamos força suficiente para tentarmos novamente. Cada um a sua maneira, do jeito que é, do jeito que pode ser.

Se é um grande filme? Bem, diria que é básico na coleção de vídeos de qualquer pessoa. Também há outros que julgo essenciais, mas isso já é tema para um outro post.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

"Macabéas" da vida

O teto da igreja Renascer desabou e claro que a notícia inspiraria algum tema em uma conversa de mesa de bar. Logo, desencadearam vários: os evangélicos, as mulheres, a submissão, as “macabéas” – personagem de Clarice Lispector no livro “A hora da estrela”.

Uma amiga me contou que em seu antigo trabalho havia uma garota que fazia psicologia. Apesar do curso e da pouca idade, ela já era casada e dona de um conservadorismo inacreditável:

- Toda noite eu coloco a janta para o meu marido e depois temos que fazer a coisa – disse a garota.
- Que coisa? – perguntou minha amiga.
- Ah! Você sabe, né?
- Não, não sei...
- Aquilo....
- Hãn?
- Aquela coisa que a gente faz para ter bebê...
- Ah! Você está falando de sexo?
- Chiiiiiiii! Fala baixo.
- E você faz sempre essa coisa?
- Tenho que fazer, né? Preciso servir meu marido, senão ele pode me trocar por outra.

Esse pequeno diálogo diz muito. E é tolice nossa achar que existem poucas mulheres assim. Elas estão por aí, do nosso lado. Conheço várias. E não é simplesmente ser discreta e não querer falar sobre sua vida sexual, mas olhar para o ato como se fosse algo errado. Pecado. É estar casada, praticar a “coisa” e vê-la meramente como algo para agradar o marido, para servi-lo. Mas ser “macabéa” ainda vai além. Elas agem assim em todos os aspectos da vida: são inseguras, têm medo de se expressar e deixam os outros fazê-las de idiota. Incrível.

Peraê, não estamos no século XXI?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Infidelidade feminina

Quase todo dia é divulgado algum tipo de estudo sobre assuntos cada vez mais bobos. Dessa vez, uma pesquisa feita na Universidade do Texas, em Austin, disse que a infidelidade da mulher está ligada a um hormônio. Funciona assim: o nível de auto-estima feminino varia de acordo com o hormônio estradiol. Quanto mais auto-estima, mais atraente a mulher se sente. Consequentemente, ela tem mais chances de trair e de trocar de parceiro com maior frequência, pois, segundo o estudo, parece que elas buscam sempre alguém que seja melhor para a reprodução.

O auto-estima até pode estar relacionado à quantidade de um determinado hormônio e, de fato, há mulheres que tem uma sensualidade natural, mas isso é uma questão psicológica. Qualquer mulher pode se sentir bonita ou feia. Mais que isso: nossos instintos são controláveis. Não é um hormônio que vai decidir se alguém irá trair ou não.

Mas já pensou se a moda pega? Haverá inúmeras respostas para o “Você me traiu?”:

Opção 1: “Caramba. Esqueci de tomar o remédio para controlar o meu estradiol”.
Opção 2: “Ah, desculpa, amor! É que o meu nível de estradiol estava alto. Não teve jeito”.
Opção 3: “Esse estradiol... Não consegue ficar no nível exato. Prometo que amanhã mesmo eu procuro um médico”.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Para pensar – Parte II

Nós somos jovens, passamos por uma coisa e outra e achamos que sabemos alguma coisa da vida.

Ainda não me formei em jornalismo, mas já fiz diversas entrevistas. Delas, as que mais me sensibilizam são as com portadores de esclerose múltipla. Para quem não sabe, trata-se de uma doença neuroimunológica, de causa ainda desconhecida, que tem tratamento, mas não cura. Com ela, você pode estar andando e, de repente, seus olhos ficarem embaçados e não enxergar mais, suas pernas podem ficar dormentes ou seu lado direito paralisar. Em cada um acontece de um jeito. E pode acontecer hoje e durar um mês. Também pode acontecer hoje e só repetir a dose daqui a um ano, dez anos, ou nunca mais. Não dá para saber. Além disso, o portador ainda tem fraqueza muscular, dores articulares, descoordenação motora e perda de equilíbrio.

Entrevistei ontem uma mulher que tem pouco mais de cinqüenta anos. Ela é aposentada, se formou em Letras, gosta de Nietzche, Schopenhauer, Clarice Lispector e Machado de Assis. Seu filme predileto é “A excêntrica família de Antônia”, mas também gosta de “Dogville”, e de ouvir Leila Pinheiro, Adriana Calcanhoto e Marisa Monte. Ela está no segundo casamento e tem três filhos. Conheceu o segundo marido pela internet. E é muito feliz. Conversando com ela, fica clara a ânsia que tem por viver, por fazer muito mais coisas e conhecer tantas outras. Ela tem esclerose múltipla diagnosticada desde os vinte e poucos anos. E isso não a atrapalha. Quem a ouve falar, não imagina o que ela passa. “Se você não pode andar, tem que ser feliz do jeito que é, sem andar mesmo. Não somos só uma perna ou um braço, somos muito mais que isso. Temos que viver porque morremos e depois tudo acaba. Foi por isso que resolvi estudar e fazer faculdade”, disse ela.

Como diz uma amiga minha: “Isso é um tapa na nossa cara”.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Hoje

Segunda-feira. Sol. Calor irritante. Trabalho. Essas palavras resumem bem o dia. Sim, ele teria tudo para ser um porre. Mas não está sendo. Como diz um amigo meu: “O seu dia hoje depende de como foi sua noite ontem”. Não, eu não fiz o que estão pensando. É incrível como um bom livro, uma boa música e só conversar com uma pessoa que você gosta pode te deixar incrivelmente bem. E é assim que estou.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Perdendo a inocência na hora do trabalho

Estávamos discutindo sobre uma chamada para a capa de uma revista:

- A gente pensou em começar com “Respire aliviado:” e colocar mais alguma coisa.
- Respire aliviado? Não... Aí vão aparecer os são-paulinos gritando “Ali onde?”...

Não entendi, mas dei outra opção:

- Não gostou de “respire aliviado”? Então poderia ser “respire fundo”.

Meu chefe continuou:

- Aliviado. Ali...viado. Ali onde? Vocês precisam ter mais malicia na hora de escrever. Sempre haverá algum idiota para ver o duplo sentido das palavras.

Só nesse momento percebi a ambiguidade sonora.

- Ali...viado. Ali...viado. Nossa! Como não percebi isso antes? Agora me soa muito mal. Também não gostei. É melhor mudar.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

No mundo dos desafortunados

Todas as coisas são relativas: sempre depende do referencial. Até o certo muitas vezes se passa pelo errado, e vice-versa. Estava pensando: o que é ser rico? E o que faríamos com tanto dinheiro? Outro dia estava conversando sobre salários com um estudante de filosofia e uma garota que, se não me engano, faz administração – quando você não lembra o que a pessoa faz, normalmente, é adm.:

Aprendiz de filósofo: “Quando você sai de casa suas despesas aumentam muito, sabe?”.
Garota de adm.: “É verdade. E com o que ganho tenho que morar com meus pais mesmo”.
Eu: “Quanto você gostaria de ganhar?”.
Garota de adm.: “Ah! Uns R$10 mil por mês”.
Aprendiz de filósofo: “Nossa! Mas isso é muito dinheiro para uma pessoa só. Tem tanta gente passando fome. Uns R$5 mil está bom, vai...”.

Bem, com cinco mil por mês eu também fico feliz, mas isso é dinheiro de bala para outros. Com 74 anos, o bilionário Adolf Merckle era o quinto homem mais rico da Alemanha. Era. Veio a crise financeira global, as ações caíram, ele perdeu alguns trocados e, então, suicidou-se.

Tem família que sobrevive com um salário mínimo. Tem estagiário que sempre arranja dinheiro para gastar no bar. Tem gente que acha que para viver decentemente precisa de R$10 mil. Enquanto isso, outros preferem a morte a ter que sustentar a digníssima família com alguns míseros milhões, ao invés de bilhões. É, quem consegue entender essas pessoas?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Histeria

Sabe aquele filme que você assiste milhares de vezes - com amigos, mãe, cachorro, sozinha - e, no final, ainda repete as cenas favoritas? Aquele que só de tocar alguma música da trilha sonora no rádio e você já se derrete, que se emociona toda vez que vê, que quer imitar os personagens, sabe? Gosto de muitos longas, mas me sinto assim com “Dirty Dancing – Ritmo Quente”. Ele é sexy, traz cenas insinuantes, uma dança quente e, ao mesmo tempo, é o retrato da pura inocência.

Assisti novamente no sábado, com uma amiga que ainda não o conhecia. E eu adoro apresenta-lo. Meus quadris se mechem no sofá acompanhando o ritmo das músicas. E dá vontade de reproduzir as cenas, de aprender a dançar, de conhecer um Johnny Castle. Então, lembro-me que o galã do filme, que às vezes é vilão, outras é mocinho – depende de quem estiver olhando – está acabado. Claro, todos envelhecem e não há nenhum problema nisso. Nem teria como haver. Mas ele está com câncer. Sofrendo. O mesmo que fez milhares de garotas se apaixonarem, hoje diz: “Há muito medo aqui. Há muita coisa acontecendo. Sim, estou assustado. Sim, estou nervoso. Sim, estou [perguntando] por que eu? Sim, estou com todas essas coisas”. E dá vontade de responder: “Tudo ficará bem”, embora eu não tenha tanta certeza disso.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Segunda a sexta

Acordar às 6h da manhã. Ir até o metrô. Linha Vermelha. Linha Azul. Chegar ao trabalho. Quase duas semanas em casa acordando tarde, dormindo tarde e fazendo maratonas de filmes me fez ter saudades da rotina de todos os dias. E aqui estou eu: de volta a ela.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Presente de natal

Natal nunca foi sinônimo de grandes festas para mim. Significa alguns dias de férias, muita comida, rock e presentes:

- Esse é o seu.

Abri. Era um chaveiro.

- Ah! Meu presente não é só isso, né?

Minha mãe me deu outro pacote. Abri. Eram duas pilhas.

- Vocês estão de brincadeira comigo, né?

Enquanto todos riem:

- Agora é esse aqui. Toma!

Ainda era um pacote pequeno, mas maior que os outros. Abri. Eram fitas.

- É um gravador! Meu presente é um gravador, não é?

Era mesmo. No terceiro pacote estava um gravador cheio de funções legais: duas velocidades de reprodução, sistema de gravação ativada pela voz, auto-falante, contador, entre outros. Enfim, toda a modernidade que um bom gravador à moda antiga – de fitas – pode ter. Ela se lembrou de que eu falava mal dos digitais.

Sim, faço jornalismo, vou para o último ano e ainda não tinha um gravador hehe